No Brasil, respondem a processo administrativo perante o CADE as seguintes instituições financeiras: Barclays, Citigroup, Crédit Suisse, Deutsche Bank, HSBC, JPMorgan, Bank of America, Merrill Lynch, Morgan Stanley, UBS, Banco Standard de Investimentos, Banco Tokyo-Mitsubishi UFJ, Nomura, Royal Bank of Canada, Royal Bank of Scotland e Standard Chartered.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec-Rio e da Fundação Dom Cabral, explica o que são estas manipulações com as taxas de câmbio e quem se beneficia dessas práticas, e afirma que essas iniciativas não têm caráter político, mas sim uma grande aposta no mercado de câmbio para ganhos financeiros estratosféricos.
Sputnik: A quem interessa manipular o câmbio?
Gilberto Braga: A manipulação é uma consequência da especulação financeira. Especular faz parte do mercado financeiro no sentido de ter expectativas e fazer apostas. No caso da manipulação, ela vai além de se apostar que algo vai acontecer. Não é mais uma aposta no sentido de crer que vai acontecer, e sim tentar fazer acontecer. A diferença entre a especulação típica do mercado financeiro e a manipulação é que nesta existe uma ação fora das normas, e portanto ilegal, para atingir determinados resultados e assim fazer com que supostas apostas, que seriam legítimas mas na verdade não eram, pudessem sair vencedoras e portanto lucrativas deste processo.
S: E o fato de ter havido a constatação, pelos procuradores norte-americanos, de que a moeda russa, o rublo, também está sendo manipulada. A quem interessa manipular, desvalorizar o rublo?
GB: Eu não vejo, na manipulação de mercado, nenhum tipo de alvo de natureza política ou de comércio exterior propriamente dito. A manipulação é sempre o alvo daquilo que os especuladores financeiros identificam como algo manipulável. Os mercados formadores dos BRICS são as moedas que têm o maior potencial de manipulação, porque, de uma forma muito fácil, são as economias que estão sempre na gangorra. São aquelas que em momentos específicos crescem muito e oscilam em função de conjunturas, em função de sofrerem embargos, como no caso da economia russa, de poderem se envolver em questões de natureza diplomática.