Segundo Dilma, o Governo está sendo transparente e sinaliza claramente que há um problema.
“Nós não queremos transferir essa responsabilidade para ninguém. O que nós queremos é construir juntos. Nós queremos cumprir a meta que estipulamos. A meta é que nós vamos buscar reduzir esse deficit que está ocorrendo. Nós estamos evidenciando que tem um deficit, estamos sendo transparentes e mostrando claramente que tem um problema. Já produziram efeito algumas das medidas que nós tomamos. Mesmo com essa variação cambial, a inflação tem uma tendência a reduzir-se bastante nos próximos meses. Ao mesmo tempo, a própria desvalorização cambial tem levado ao aumento das exportações. Nós acreditamos que os investimentos nas áreas de infraestrutura e energia, que o programa de exportações, que não é só câmbio, é também convergência regulatória, acordos comerciais com vários países. Tudo isso tenderá a levar a uma situação bem melhor no futuro”.
Durante a entrevista, a Presidenta também falou sobre a proposta já descartada pelo governo de voltar com a Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF). Dilma disse que também não é a favor da CPMF, mas afirmou que a União precisa encontrar novas receitas.
“Eu não gosto da CPMF. Acho que a CPMF tem as suas complicações, mas não estou afastando a necessidade de fontes de receita. Não estou afastando nenhuma fonte de receita. Quero deixar isso claro, para depois, se houver a hipótese de a gente enviar essa fonte, nós enviaremos. Nós não estamos tirando nada da cartola. Não nos eximiremos da nossa responsabilidade. Iremos, sim, fazer as nossas propostas”.
A presidenta também negou que o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esteja isolado ou desgastado dentro do Governo. Segundo Dilma, Levy participou de todas as etapas da construção do orçamento e é respeitado por todos, apesar da grande veiculação de informações falsas sobre a relação do ministro com outros membros da equipe econômica do Governo.
“É um desserviço para o país esse processo de falar que o ministro Levy está isolado, desgastado. Não está não. Dentro do governo, ele não está. Nós temos o maior respeito pelo ministro Levy. Aliás, por todos os ministros da área econômica. Agora, somos um governo que debate, debatemos, chegamos a uma posição. A partir do momento em que tomamos a posição, a posição é de todos nós”.
Ainda na coletiva, a presidenta defendeu a reforma administrativa anunciada pelo Governo na semana passada, e ressaltou que a medida vai ter impactos mais sobre a gestão do que sobre a arrecadação. Até o final de setembro, o Governo vai anunciar o corte de 10 dos 39 ministérios, além de reduzir o número de cargos comissionados e adotar outas medidas para diminuir as despesas de custeio.
Dilma, no entanto, não adiantou quais as pastas e secretarias que vão ser excluídas.
“Eu tenho até o fim do mês. Posso falar antes, posso falar durante. O efeito da reforma é muito mais o de melhorar a gestão. E melhorar a gestão tem um efeito indireto sobre os recursos, qual seja, torna o governo mais ágil, facilita os investimentos, diminui a burocracia, é isso que queremos".