A necessidade de dar mais segurança às informações ganhou maior preocupação por parte do Governo brasileiro após o episódio envolvendo a agência americana de segurança, que espionou as comunicações telefônicas e eletrônicas da Presidenta Dilma Rousseff e de seus principais assessores.
O diretor do Departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, disse em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil que a criação desse satélite estratégico tem como objetivos fornecer uma comunicação de dados mais segura para o Estado brasileiro, tanto em relação à administração pública como um todo como também à esfera militar, além de levar internet de banda larga para todo o Brasil.
Pelo Programa Banda Larga para Todos, a totalidade do território brasileiro vai ter a cobertura do satélite, levando internet de alta performance a 150 municípios brasileiros da chamada Amazônia Legal e também ao arquipélago de Fernando de Noronha.
O satélite vai permitir ainda a oferta de internet em mais de mil cidades onde a rede terrestre da Telebrás, de rádio e fibra óptica, não é suficiente para atender toda a população.
Artur Coimbra chama a atenção para a diferença entre ter um satélite próprio e usar as redes privadas disponíveis atualmente. Segundo ele, com um satélite próprio é possível garantir o controle da rota por onde os dados e informações vão passar.
“A gente sabe de onde o dado saiu, para onde a informação vai e por onde ela passa. O uso de redes privadas, como tradicionalmente ocorre, acaba deixando um pouco turva a noção de qual caminho a informação percorre. Ao longo desse caminho, essa informação pode estar sujeita a interceptações das mais diversas.”
O Brasil contava com satélites próprios para as comunicações militares até 1998, quando a então Embratel foi privatizada. Desde então, o país só tem satélites de baixa órbita que são usados, por exemplo, para monitoramento ambiental, principalmente na Amazônia. O Satélite Geoestacionário vai ser o primeiro satélite nacional de comunicação após a privatização da Embratel.
Artur Coimbra acredita que o lançamento do Satélite Geoestacionário vai representar um aumento de escala da soberania das comunicações brasileiras em relação aos outros países.
“Como hoje toda a comunicação brasileira é operada por meio de mecanismos e satélites estrangeiros, isso significa uma restrição de sua soberania, que no limite e numa situação de conflito pode expor o país a uma situação vulnerável. Já com esse projeto essa vulnerabilidade diminui.”
O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas está sendo construído em Cannes, na França, pela Thales Alenia Space (TAS), empresa franco-italiana. Os trabalhos são supervisionados pela Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture composta pela fusão de duas empresas brasileiras: Embraer (51%) e Telebrás (49%). Essa empresa integradora é responsável por toda a parte gerencial de aquisição do sistema e absorção de tecnologia.
Quando esse satélite militar, que pesa 5,7 toneladas, estiver em órbita no espaço, ficará posicionado a uma distância de 35.786km da superfície da Terra. Após o encaixe na posição orbital e alguns meses de testes, ele deverá entrar em operação no primeiro trimestre de 2017.
O satélite terá uma vida útil superior a 15 anos, com capacidade total de transmissão de dados de 50 a 60 Gbps. O equipamento vai ser operado através do Cope – Centro de Controle em Brasília, pela Telebrás em conjunto com o Ministério da Defesa. O investimento total do projeto é de R$ 1,7 bilhão, oriundos do orçamento do Governo Federal.