Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o Deputado Federal Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, relacionou a iniciativa da oposição ao inconformismo com os resultados das eleições de outubro de 2014 que garantiram à Presidenta Dilma Rousseff o exercício de um segundo mandato.
A seguir, a entrevista com o parlamentar do Partido dos Trabalhadores.
Sputnik: A oposição vem mobilizando seguidores através das redes sociais contra o Governo e as iniciativas propostas por ele. Para alguns analistas políticos, trata-se de uma iniciativa que remete à Primavera Árabe, como se fosse uma Primavera Brasileira a ser desencadeada no país. O que o senhor pensa dessas iniciativas da oposição brasileira? O senhor acredita que poderíamos equiparar este movimento à Primavera Árabe?
Paulo Pimenta: De maneira nenhuma. O que estamos vendo é a tentativa de uma oposição golpista que busca deslegitimar o resultado democraticamente obtido pela Presidenta Dilma quando venceu as eleições. Temos um segmento da oposição que não se conforma com a derrota eleitoral e que busca, de várias maneiras, abreviar esse mandato conquistado democraticamente, seja através de ações na Justiça Eleitoral e na própria Justiça, e também buscando na sociedade estimular o discurso de ódio, de não reconhecimento a determinadas políticas públicas que são marcas tanto do Governo Lula como da Presidenta Dilma. Esses movimentos de rua que têm ocorrido, as pesquisas têm demonstrado, são basicamente movimentos formados por pessoas que votaram no candidato Aécio Neves, de estrato social elevado. É um segmento que recebe grandes salários e de alguma maneira não é uma expressão popular, uma expressão fidedigna daquilo que nós podemos chamar de “povo brasileiro”, mas uma parcela de uma elite que não concorda, que resiste ao processo de transformação, de mudanças que o Brasil vem vivendo e que não tem pruridos de se opor à democracia e defender atividades golpistas no sentido de tentar desesperadamente voltar a governar nosso país.
S: O senhor abraça o entendimento de que a oposição estaria tentando um terceiro turno das eleições de 2014?
PP: Nós temos caracterizado esta tentativa, e ela ocorre de diferentes maneiras, mas a base comum é a mesma, é uma tentativa de deslegitimar o resultado das urnas, seja através de ações judiciais, seja de questionamento das contas da presidente, ou mesmo de movimentos de rua com esta finalidade. É uma oposição que não se conforma e que continua agindo e atuando no país como se nós ainda estivéssemos em plena campanha eleitoral e que cada vez mais transforma essa sua insatisfação, essa sua incapacidade de aceitar o resultado da eleição, em atitudes violentas, agressivas e que caracteriza muitas coisas que têm ocorrido no nosso país.
S: O senhor, que está no Partido dos Trabalhadores desde o início de sua existência, como vê o entendimento, no interior do partido, desses pedidos de impeachment contra a presidente, como o partido está reagindo à apresentação desses pedidos?
PP: Estamos mobilizando a sociedade brasileira no sentido de resistir a qualquer tentativa de golpe e também no sentido de reforçar o Estado Democrático de Direito e o valor da democracia. O PT é um partido que tem profundas relações com os movimentos sociais organizados, sindicatos, movimentos que lutam pela terra, movimentos comunitários, movimentos de juventude, e todos têm uma consciência muito clara do que estamos assistindo hoje: são setores da grande mídia, aliados a determinados setores do capital industrial, do capital financeiro, que se aliaram a esse segmento conservador e reacionário da política brasileira e que buscam, através da força, através da judicialização da política, alguma tentativa que possa abreviar o mandato conquistado pela nossa presidente com a vitória nas últimas eleições.
S: Há consenso no partido de que a presidente deva ser fortalecida e merecer todo o apoio do Partido dos Trabalhadores?
PP: Totalmente. A Presidenta Dilma é uma pessoa que merece e tem todo o apoio, todo o crédito da nossa bancada, do nosso partido, que está unido, forte e preparado para enfrentar qualquer tentativa de golpe.