O Fabrika já criou o uniforme esportivo da seleção russa dos Jogos Olímpicos de Sochi em 2014, as fardas dos trabalhadores do Departamento do Transporte de Moscou e dos funcionários dos transportes interurbanos, como trens e ônibus da região de Moscou.
Os gerentes do projeto acreditam que é preciso mudar a atitude do consumidor para com o uniforme, dar estilo ao uniforme. A ideia é fazer com que o uniforme não seja mais uma roupa militar, senão uma marca de estilo.
“Nós temos uma fórmula exata: design de autor, materiais e métodos de trabalho inovadores, e também mecanismos concretos e elaborados de todas as fases de desenvolvimento e produção”, conta Aleksei Skovorinsky, assessor de Relações Públicas do projeto.
O Stormovka (“casaco de tormenta”, inicialmente uniforme de inverno), a afganka (“camisa afegã”, desenhada especialmente para operações militares no Afeganistão, em 1984), o bushlat (caban, uniforme militar de inverno), a telogreika (“aquece-corpo”, espécie de camisa acolchoada que mantém o calor) e outros modelos outrora considerados roupas sem estilo estão prontos para virar peças quotidianas.
Todos os modelos têm sua história, às vezes esquecida, às vezes bem conhecida. A história do uniforme militar e da roupa da época soviética carece de estudos sérios. Os gerentes do projeto não descartam a possibilidade de montar um museu com as peças usadas pelos militares do Exército Vermelho, para não deixar este fenômeno no esquecimento. Porém, trata-se de uma iniciativa de longo prazo.
E de acordo com os autores do projeto, não se trata de um “estilo militar”, mas muito pelo contrário: a marca OLOVO, criada pelos designers Yakov Teplitsky e Aleksandr Malanin, deve se tornar uma marca “casual”, acessível para todos.
“Posso dizer que estamos contaminados com os exemplos de companhias como a Alpha Ind., MIL-TC, Max Fuchs, Surplus, que conseguiram fazer do uniforme militar uma tendência de moda; nós queremos fazer o uniforme soviético roupa de moda”, explica o assessor de imprensa.
“Guerra de brinquedo”
“Está na hora de fazer guerra de brinquedo, em vez de guerra real”, diz Skovorinsky, comentando o espírito do projeto.
Segundo ele, a iniciativa usou a atual onda de interesse do consumidor pelo patriotismo e pela União Soviética. Mas o Exército Soviético já não existe, e os modelos que ele pode apresentar são limitados. Isso, e também a vontade de conquistar mercados estrangeiros (já há estrangeiros e russos que moram no estrangeiro que mostram interesse, compartilha Skovorinsky), leva a empresa a buscar, já antecipadamente, novas opções para o desenvolvimento futuro.
Mas nesta primeira etapa, o foco está no soviético.
“No futuro, a coleção terá novos modelos, que só terão reminiscências vagas do uniforme militar soviético”, frisa Skovorinsky.