Além de usar sua popularidade na Argentina para manifestar apoio a Scioli, Lula vai receber dois títulos acadêmicos Honoris Causa e participar da inauguração de um centro de saúde na Província de Buenos Aires.
O professor de História e Relações Internacionais da Unilasalle e da Universidade Rural do Rio de Janeiro, Rafael Araújo, vê esse apoio político do ex-Presidente Lula e do presidente da Bolívia, Evo Morales, como algo natural, pois tanto Morales quanto Lula foram aliados dos Kirchner desde 2003.
O candidato kirchnerista Daniel Scioli há um mês venceu as prévias com 38,4% dos votos, e o especialista em relações internacionais acredita que ele mantém o favoritismo para as eleições do dia 25 de outubro, mas precisa ter 45% dos votos ou 10% a mais do que o segundo colocado, o seu opositor Mauricio Macri.
“Eu acredito que Daniel Scioli é o favorito para o primeiro turno das eleições na Argentina”, afirma Rafael Araújo. “ A margem de votação que teve nas prévias indica que ele de certa forma sai na frente e tem de forma real a possibilidade de, se não ganhar no primeiro turno, chegar pelo menos em primeiro lugar para o segundo turno. O próprio apoio de Lula vem de certo modo referendar o objetivo de que Daniel Scioli conquista a vitória no primeiro turno.”
Segundo alguns analistas, Daniel Scioli estaria confiante na vitória e já trabalhando na modelagem do seu perfil internacional, ao participar de um encontro nos últimos dias com embaixadores dos países da União Europeia, em Buenos Aires. Para Rafael Araújo, tal postura do candidato pode ser uma convicção da vitória ou uma tentativa de obter um apoio internacional que poderia quebrar uma eventual rejeição interna.
Rafael Araújo acredita ainda que a aproximação de Daniel Scioli com os países da União Europeia e da América do Sul é uma forma de o candidato sinalizar para o povo argentino que vai dar um grande peso à política exterior da Argentina se vier a ser o sucessor de Cristina Kirchner:
“Scioli vai não só continuar com as diretrizes da política externa implementada por Nestor e Cristina Kirchner, mas também buscar uma liderança internacional com respaldo e com legitimidade.”