De acordo com o vice-presidente da República, se houver cortes, será um bom passo do Governo e vai atender os vários setores do país que vêm pedindo e pressionando por cortes no Orçamento.
A Presidenta Dilma Rousseff se reuniu durante todo o fim de semana com sua equipe econômica para discutir detalhes de um novo pacote de cortes nas despesas do Governo. Além de cortes nos gastos de mais de R$ 20 bilhões, o Palácio do Planalto também deve suprimir cargos comissionados e reduzir investimentos para poder cobrir o rombo de R$ 30 bilhões do Orçamento de 2016, e economizar outros R$ 35 bilhões para pagar a dívida pública.
Na sexta-feira (11), o líder do Governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), disse que o Executivo deve aumentar impostos para evitar que o Brasil seja rebaixado por outras agências de risco. Segundo o senador, a grande discussão, no entanto, seria qual o percentual e quais impostos ou contribuições serão aumentadas, mas com o cuidado de não impactarem sobre a inflação.
“E depois, se a conta não fechar, há que avaliar receitas adicionais, que nós vamos ter que trabalhar com o Congresso”, afirmou Delcídio do Amaral. “Algumas que o próprio Governo pode implantar, outras que podem ser aprovadas aqui pelo Congresso, mas com o tempo determinado, com tiro curto para as demais ações começarem a representar o que nós esperamos dentro do Orçamento da União”.
Na ocasião, o líder do PSDB, Senador Cássio Cunha Lima, da Paraíba, ressaltou que a população não pode pagar uma conta que é do Governo.
“O Congresso não vai autorizar aumento de impostos enquanto não tiver ação clara do Governo de diminuição de gastos, de redução de estrutura, de compromisso firme de fim da corrupção”, garantiu Cunha Lima. “O ambiente no Congresso não é nada favorável a impor essa conta ao contribuinte”.
Nesta segunda-feira (14), um seminário na Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo reuniu autoridades para discutir possíveis saídas para a crise econômica do país. Os principais assuntos debatidos no encontro foram o rombo de mais de R$ 30 bilhões no orçamento para 2016 e a possibilidade de aumentos de impostos pelo Governo. Para os participantes, duas questões são fundamentais atualmente no país: o combate à corrupção e a necessidade de uma reforma política no Governo.
Presente ao evento, o Ministro Gilmar Mendes, do STF – Supremo Tribunal Federal, disse que há uma crise de legitimidade no Governo e, desta forma, não cabe sacrificar a população brasileira.
“Eu estou falando que há uma crise de legitimidade”, disse o ministro. “Quando se tem uma crise de legitimidade, quem propõe não pode pedir sacrifício, não tem condições de pedir sacrifícios. Como você pede sacrifícios, quando as pessoas acham que houve gastos excessivos, demasiados e sem controles? Quando as pessoas acham que há uma prática sistêmica de corrupção? Há uma crise de legitimidade, esse é o debate que nós estamos vivendo. O Brasil passou por vários momentos difíceis e sempre os atravessou via uma engenharia institucional: a habilidade dos seus políticos. Eu espero que nós tenhamos essa habilidade.”
Já o Senador Romero Jucá (PMDB) chamou a atenção para a necessidade de o Governo tomar medidas mais fortes e rápidas para não agravar a situação econômica do Brasil.
“Ou o Governo muda os procedimentos de forma grande, um verdadeiro cavalo de pau, e muda a direção de forma rápida, ou vai ter muita dificuldade de governar”, comentou o Senador Jucá. “Vai piorar o desemprego, vai piorar a falta de atividade da economia, você vai ver mais lojas fechando. Dois setores que empregaram no primeiro semestre, que foram o comércio e o serviço, vão desempregar no segundo semestre. Isso vai dificultar o nível do desemprego, e o nível de dificuldade”.
O resultado da reunião de coordenação política da Presidenta Dilma Rousseff com os ministros desta segunda-feira (14) vai ser apresentado ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e ao da Câmara, Eduardo Cunha, e para o vice-presidente da República, Michel Temer, que estará em viagem oficial a Moscou, na Rússia, e a Varsóvia, na Polônia, até a quinta-feira, 17.