Líder do Governo na Comissão de Orçamento e vice-líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, o Deputado Paulo Pimenta concedeu entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, explicando a indignação de seu discurso no Plenário do Congresso Nacional.
Segundo o deputado, a data de 15 de setembro marca a oficialização, por parte da oposição, da tentativa de construir um processo golpista no Brasil.
Para Paulo Pimenta, todo esse processo é uma manobra articulada da oposição, que aguarda a deliberação de Eduardo Cunha, mesmo que de maneira contrária a qualquer um dos 17 pedidos de impeachment, para recorrer ao plenário da decisão do presidente da Câmara.
“O jogo combinado é exatamente esse. O presidente nega o pedido de impeachment e o requerimento da oposição no Plenário, previsto no regimento como se fosse uma questão de ordem, recorre da decisão do presidente ao Plenário. O ato dos Democratas ontem [15] foi exatamente o sinal para o Parlamento e para a sociedade de que está em curso o processo de tentativa de abreviar o mandato da presidente.”
O deputado explicou que a sua manifestação após a ação da oposição foi em nome da bancada do Partido dos Trabalhadores, como uma forma de responder que o PT não vai admitir nenhuma hipótese de golpe.
“Seja no Parlamento, seja nas ruas, em todo o Brasil, nós não vamos admitir qualquer tentativa golpista. Não me surpreendeu que esta questão tenha sido encaminhada pelo líder dos Democratas. Os Democratas, como todos sabem, são o antigo PFL, que por sua vez é um partido originário lá da antiga Arena, partido que sustentou o golpe e a ditadura militar no Brasil.”
Segundo o parlamentar, não há dúvidas sobre as intenções dos setores conservadores da política brasileira, mas ele garante que não será uma tentativa de golpe que vai tirar a Presidenta Dilma do lugar concedido pela soberania do voto popular.
“Queremos de maneira vigorosa, cristalina, dizer à sociedade brasileira que não será uma ação golpista como essa que vai desfazer aquilo que de maneira soberana e democrática a população brasileira fez, quando elegeu com mais de 54 milhões de votos a Presidenta Dilma, a nossa presidente. Está aberto o debate sobre o impeachment, agora de maneira oficial, e nós apresentamos de maneira bastante transparente a nossa disposição de lutar em todos os campos, sejam eles jurídicos, parlamentares ou na rua, contra qualquer tentativa nessa direção.”
Durante a entrevista para a Sputnik Brasil, o Deputado Paulo Pimenta disse que mantém categoricamente as palavras proferidas por ele no Plenário sobre o Partido dos Democratas:
“Não gostam de ser chamados de golpistas, mas querem rasgar a Constituição. São os filhos da ditadura que não se conformam em ter perdido nas urnas para um operário, como Lula, e para uma mulher, como Dilma.”
O Deputado Pimenta disse ter convicção de que a inciativa descrita por ele como autoritária, por parte da oposição, não terá eco na sociedade, e que também dentro do Parlamento haverá uma maioria sólida não em defesa do Governo, mas em defesa da democracia.
Sobre as especulações de que a Presidenta Dilma pode convidar o ex-Presidente Lula para assumir um de seus ministérios, o Deputado Paulo Pimenta afirmou que o ex-presidente é um brasileiro preparado política e tecnicamente para estar à frente de qualquer pasta do Governo brasileiro, mas não acredita na possibilidade agora de Lula integrar a equipe de Dilma. O deputado acredita que Lula não está no Governo atualmente por uma decisão dele.
“Ele sabe da sua autoridade, sabe da sua responsabilidade e dimensão política de entender o momento político em que nós vivemos e a necessidade de que a presidente tenha liberdade de fazer os movimentos políticos que entende mais adequados. Agora, a conjuntura sempre é um processo muito dinâmico, muito intenso, a Presidenta Dilma e o Presidente Lula têm um diálogo permanente, de alto nível, como estadistas que são, mas não creio que neste próximo período, pelo menos, o ex-presidente venha a integrar o Governo. As tarefas que ele tem a cumprir, inclusive hoje, estão muito além das fronteiras do Brasil, como grande líder político que é.”