A especulação global, que mexeu com o câmbio e com as Bolsas de Valores, era de que os reflexos deste possível aumento seriam sentidos em todo o mundo.
Para o jornalista Gilberto Menezes Côrtes, especializado em assuntos econômicos, havia sérias razões para apreensão no Brasil, na Rússia e em todos os outros países pela possível elevação da taxa de juros nos Estados Unidos. Em entrevista exclusiva à Rádio Sputnik Brasil, Gilberto Menezes Côrtes afirmou:
“Não há como uma mudança na taxa de juros nos Estados Unidos não mexer com a economia mundial. É a economia mais forte do planeta, seguida de perto pela China, e tudo o que nela acontece tem reflexos planetários. Por que juros não subiram nos Estados Unidos? Porque as autoridades financeiras do Federal Reserve levaram em consideração uma série de circunstâncias, no país e no mundo, e chegaram à conclusão de que o melhor a fazer neste momento seria manter as taxas nos níveis atuais, variando entre 0 e 0,25%. Mas, enquanto estas autoridades deliberavam, os especuladores agiam, confirmando uma velha prática na economia: vendem-se rumores para, só depois, lidar-se com fatos concretos. E o fato concreto qual foi? Ficou tudo da forma como estava.”
Gilberto Menezes Côrtes destacou que inúmeras pessoas se deixaram levar pelo clima de apreensão:
“Em função de toda esta especulação, que já vem acontecendo há algum tempo, muitos venderam ativos e os preços das commodities estão caindo. Porém, não se pode descartar a possibilidade dos juros serem elevados nos Estados Unidos até o final deste ano de 2015. Mas, acredito, não será nada de catastrófico. Ao anunciar que, em setembro, os juros não serão aumentados, o Federal Reserve concluiu que era hora de pisar no freio e assim, conter a especulação.”
Ao informar a manutenção das taxas, a presidente do Fed, Janet Yellen, disse que “a importância do momento em que será iniciado o ciclo de alta dos juros não deve ser superestimado.” Ainda de acordo com Yellen, “a apreciação (valorização) do dólar e a queda do petróleo vão adiar esta alta.”
Já o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve destacou: "Recentes desenvolvimentos econômicos e financeiros globais podem restringir a atividade econômica de alguma forma e podem pressionar para baixo a inflação dos Estados Unidos no curto prazo." Diante desta perspectiva, o Comitê concluiu que deve continuar monitorando o ambiente econômico externo e interno para só então decidir se os juros aumentarão ainda este ano nos Estados Unidos.
Por sua vez, Janet Yellen disse que não será surpresa se o anúncio deste aumento acontecer no próximo mês de outubro.