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Cidade Olímpica prepara esquema especial de segurança para combater violência nas praias

REPORTAGEM SEGURANÇA RIO 2 DE 23 09 15 e
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Após os episódios de ataques de delinquentes, principalmente menores, praticando furtos e assustando turistas e moradores da Zona Sul do Rio de Janeiro na semana passada, os órgãos de segurança estaduais e municipais decidiram montar uma força-tarefa para inibir novos delitos nas praias cariocas no próximo final de semana.

Durante encontro nesta terça-feira (22), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, ficou definido que as polícias Militar e Civil, a secretaria de Segurança, a Superintendência de Ações para a Juventude da Secretaria de Assistência Social, a Guarda Municipal, Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio) e as secretarias municipais de Desenvolvimento Social e Ordem Pública vão atuar em conjunto nas operações.

Nesta quinta-feira (24/9) será realizada uma reunião operacional para definir o efetivo que cada órgão disponibilizará para as ações de prevenção, para dar segurança à população. O objetivo das ações é atuar de forma preventiva.

Os bairros mais afetados no último fim de semana foram Ipanema e Copacabana, região que será palco de provas de ciclismo, triatlo, vôlei e maratona aquática durante os Jogos Olímpicos em 2016.

Além de garantir a segurança nas praias, a polícia também quer manter tranquilidade para os turistas que estão na cidade e partem de Copacabana para assistir ao festival de música Rock in Rio, que acontece na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

O Governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, falou com a imprensa hoje e garantiu que, desta vez, os infratores não vão conseguir chegar às praias.

“Eu pedi para o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e para o Coronel Pinheiro Neto, Comandante Geral da Polícia Militar, e ao chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, não recuarem até aparecer uma maneira melhor de fazer esse policiamento. Nós passamos nove finais de semana com sol a pino sem ter um problema de arrastão nas praias. A gente vem monitorando, vem usando tecnologia. A pessoa pode estar de bermuda, descalça, não tem problema nenhum. Agora, quem entra num ônibus, não paga passagem, vem em cima do ônibus, metade do corpo para o lado de fora, outros em cima do ônibus jogando lata, roubando passageiros dentro do ônibus… Nós temos hoje mecanismos para ver isso. É isso que a gente não quer deixar chegar na praia. A gente sabe que não vai dar certo. Eu vou pedir ao Ministério Público, ao Tribunal de Justiça, que coloquem plantões no final de semana, tragam ônibus, coloque defensores públicos dando apoio a PM. Mas nós não vamos recuar no nosso trabalho”.

A Secretaria de Segurança pública alegou que os ataques de delinquentes na semana passada foram ocasionados pelo fato de a Polícia do Rio estar impedida de fazer ações preventivas, depois da determinação do juiz Pedro Henrique Alves, titular da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, no dia 10 de setembro, impedindo que a Polícia Militar do Rio apreendesse crianças e adolescentes sem a comprovação de flagrante delito durante operações nas praias da zona sul. A decisão foi tomada pelo juiz após acompanhar ações da PM em finais de semana de sol, quando jovens da periferia carioca, que seguiam de ônibus da zona norte para as praias da zona sul, mesmo sem que estivessem cometendo crimes, eram apreendidos e impedidos de seguir viagem. Em um só dia, em agosto, 150 adolescentes foram apreendidos.

Na ocasião, a ação da polícia foi criticada como sendo racista, mas o Secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, explicou que a retirada dos menores dos ônibus levava em conta se eles estavam em situação vulnerável.

“O que a polícia procurava ver é a questão da vulnerabilidade com que a pessoa se encontrava. Qual seja, o menor de idade, sai de um lugar distante, 30, 40 quilômetros da praia, somente com uma sunga, sem dinheiro para passagem, sem dinheiro para beber ou comer, esta pessoa, no meu humilde entendimento, está, sim, em situação vulnerável”.

Segundo Beltrame, o momento demanda articulações e ações efetivas, e, por isso, mesmo com a determinação da justiça, o Secretário de Segurança Pública, afirmou que as abordagens vão voltar a ser realizadas nos ônibus neste fim de semana.

“Vamos fazer o trabalho que sempre fizemos, com blitz, parando ônibus, carros e motos, fazendo o trabalho que sempre se fez. Nós vamos continuar fazendo isso. Desta vez, com apoio de outros órgãos que se fazem necessário numa ação dessas, para que a gente tenha cada vez mais legitimidade, cada vez mais lisura nas nossas ações”.

José Mariano Beltrame ressaltou que as blitzes vão ser feitas com agentes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, que vão poder medir a situação do jovem abordado, se ele está ou não em situação de risco social.

Além das abordagens da Polícia Militar, também haverá um reforço nas delegacias dos bairros de Copacabana, Botafogo e Barra da Tijuca para absorver a possível ampliação do registro de ocorrências.

O Prefeito do Rio, Eduardo Paes, respondeu às críticas feitas por Beltrame no início da semana, quando disse que, com a decisão da Justiça, a Polícia Militar foi tolhida em sua missão, e cobrou a participação de outros órgãos na prevenção de delitos infracionais, como a Guarda Municipal e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, já que a situação, segundo ele, também seria um problema social, e não só de polícia.

Paes disse que os flagrantes de violência e arrastões do sábado (19) e do domingo (20) foram absurdos, mas rebateu o Secretário de Segurança afirmando que o problema dos roubos e furtos não é social, mas sim de segurança pública. O prefeito ainda colocou a Guarda Municipal à disposição da Segurança Pública do estado.

“Nós apoiamos não só no sentido objetivo, físico, com a presença de guardas ou, eventualmente, da secretaria de desenvolvimento social, em casos de vulnerabilidade social, que não é o que a gente viu acontecendo na praia nesse final de semana. Aquilo é caso de polícia, de força e segurança pública, e a Guarda Municipal está à disposição inteiramente, antecipando a sua Operação Verão também para ajudar”.

A grande preocupação do Secretário de Segurança Pública é quanto à articulação de pessoas revoltadas com os ataques ocorridos depois do fim de semana de arrastões, que estão promovendo, nas redes sociais, a formação de grupos intitulados de Justiceiros, que prometem reações de vingança no próximo fim de semana, levando para a praia paus e pedras.

Beltrame reiterou que se houver flagrante, quebra-quebra, ofensa, desacato a autoridade, a polícia vai agir, por temer mais violência.

“Nós vamos agir, porque eu temo que haja problema de linchamento se isso continuar desse jeito. Eu estou trabalhando com essa possibilidade, pois, ao invés de nós termos um problema, nós estamos sujeitos a ter dois”.

A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio de Janeiro está investigando mensagens de ódio postadas em perfis, grupos e eventos no Facebook sobre os recentes arrastões na capital carioca e a possível convocação de justiceiros para ações contra supostos assaltantes na saída da praia.

Em um dos eventos no Facebook, os internautas justiceiros são chamados a um encontro armado com tacos de beisebol, socos-ingleses e armas de choque para o que chamam de limpeza da zona sul. Os adolescentes que participaram dos arrastões também estão se articulando nas redes sociais. Em um dos perfis, um adolescente promete reagir aos justiceiros com tiros.

De acordo com a delegacia, qualquer pessoa que fizer justiça pelas próprias mãos, ou incentivá-la, ou que fizer apologia da violência deve ficar atenta, pois isso é crime e pode ser punido com mais de dez anos de detenção.

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