Na última sexta-feira, a Justiça da Suíça anunciou que estava abrindo um processo criminal contra Blatter por gestão desleal e apropriação inadequada de recursos. Entre as suspeitas está um pagamento em 2011 de 2 milhões de francos suíços para o seu então aliado, Michel Platini.
Oficialmente, o francês insiste que o valor pago se refere a trabalhos realizados por ele para a FIFA entre 1999 e 2002. Ele apenas não explica quais foram os serviços prestados e nem o motivo pelo qual a transferência ocorreu quase dez anos depois.
A Justiça quer agora saber quais foram esses trabalhos e por qual motivo o pagamento ocorreu pouco meses antes das eleições de 2011, quando Platini aceitou a proposta de Blatter de não concorrer contra o suíço. A suspeita é de que os valores seriam um prêmio por deixar o caminho aberto para mais um mandato de Blatter.
Com uma plataforma pedindo reforma e transparência, Platini surgia como o homem que lutaria contra a corrupção, mas uma suspensão pode significar o fim da carreira política do francês. Integrantes do alto comando da FIFA garantiram à Agência Estado que a maior revelação nesse atual estágio da crise não é uma eventual queda de Blatter, mas o fim da candidatura de Platini.
Assim que a operação foi deflagrada, executivos dispararam ligações ao príncipe Ali bin Hussein, da Jordânia, pedindo que ele se apresentasse como o candidato da Europa. Ele já teve o apoio da UEFA no início do ano, quando perdeu para Blatter.
Em um comunicado, Platini tentou minimizar a crise. "Este montante refere-se ao trabalho que realizei sob um contrato com a FIFA e estou satisfeito por ter conseguido esclarecer todos os assuntos relativos a isso com as autoridades", afirmou Platini em um comunicado. O ex-jogador francês, contudo, não explicou qual teria sido o trabalho prestado e nem o motivo pelo qual o valor foi pago quase dez anos depois do serviço. Ele garantiu que vai "cooperar".