A captura de Kunduz nesta semana, no norte do país, expôs a população local a um grave risco, com o presidente afegão, Ashraf Ghani, acusando os insurgentes de utilizarem os moradores como verdadeiros escudos humanos.
Em um comunicado oficial, a Anistia Internacional, organização de defesa dos direitos humanos, enumerou uma série de crimes que estariam sendo cometidos por militantes do Talibã na região. Entre outras coisas, a Anistia chama a atenção para o uso de jovens e adolescentes em trabalhos de busca em residências, sobretudo para capturar mulheres, que, em seguida, são violentadas, e a execução em massa de militares, policiais e seus familiares, incluindo crianças.
"As informações angustiantes que temos recebido pintam um quadro de 'reino do terror' durante a captura brutal de Kunduz pelo Talibã nesta semana", declarou a pesquisadora da organização internacional Horia Mosadiq.
"Os múltiplos relatos de mortes, estupros e outros horrores cometidos contra os moradores da cidade devem levar as autoridades afegãs a fazer mais agora para proteger os civis".
Kunduz foi a primeira capital provincial (província de mesmo nome) conquistada pelo Talibã desde que o grupo foi tirado do poder, em 2001, após a invasão militar comandada pelos Estados Unidos. Os números dos crimes cometidos no local ainda são pouco conhecidos, mas fontes dos serviços de saúde afirmam que, até o momento, foram descobertos cerca de 50 corpos e mais de 370 pessoas foram levadas aos hospitais regionais com ferimentos de diversos tipos. Nesta quinta-feira, o exército do Afeganistão conseguiu retomar diversos bairros da cidade, mas os conflitos na região seguem intensos e, segundo as autoridades, ainda podem levar alguns dias.