“Não há nenhuma chance de que uma investigação sobre os ataques aéreos contra o hospital sejam realizadas pela Comissão Internacional de Pesquisa Humanitária”, afirmou Arif Ayub.
Nesta quarta-feira, o Médicos Sem Fronteiras pediu uma investigação da Comissão Internacional de Pesquisa Humanitária para a catástrofe em Kunduz e chamou o atentado de um ataque intolerável sobre as Convenções de Genebra.
“Vai ser esquecido, até que haja outro”, disse Ayub, que também é presidente do Instituto de Estudos Regionais em Islamabad e serviu como embaixador de seu país para a Itália, Afeganistão, Egito e Holanda.
Segundo Ayub, “isso é o que tem acontecido desde a Guerra do Vietnã, ou ainda pior desde a Guerra da Coréia”. O ex-diplomata afirmou que essas atrocidades continuam acontecendo “e ninguém faz nada”.
“Isso aconteceu com a gente em Salala um par de anos atrás, quando eles bombardearam um dos nossos postos militares por quase duas ou três horas. Fizemos chamadas a cada cinco minutos e dizendo-lhes, você está batendo no alvo errado. E eles não se importaram. Essa é a atitude deles. A sua arrogância imperial, que não se importa de matar qualquer não-americano”, lembrou o ex-embaixador paquistanês.
O compromisso dos EUA para a democracia, que sucessivos os governos norte-americanos alegam como motivação para a mudança de regime no Oriente Médio e na Ásia, leva a uma fraqueza fundamental na sua política externa, disse Ayub, uma vez que os objetivos são decididos no curto prazo, segundo as campanhas eleitorais.
“Não é uma questão de quatro em quatro anos. Todos os anos, quando o orçamento é aprovado pelo Senado e pelo Congresso, cria-se confusão sobre algo, especialmente quando há diferentes partidos no controle do Congresso, do Senado e da Presidência. É por isso há falhas coloniais desde 1945”, explica Ayub.
Para o ex-embaixador, esta é uma visão extremamente de curto prazo. “No caso do Paquistão, está determinada em uma base mensal. Um mês eles são nossos melhores amigos e melhores aliados, e no mês seguinte cortam toda a assistência. É mais como uma bolsa de valores de um governo.”