As maiores decepções do Prêmio Nobel da Paz

© AFP 2023 / JONATHAN NACKSTRAND A medalha do prêmio Nobel decorada com a imagem de seu idealizador, Alfred Nobel
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As decisões do comitê do Prêmio Nobel sempre foram objetos de críticas. Confira a lista de cinco vencedores desse prêmio, que demonstraram não merecer essa honra.

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Nesta sexta-feira (9), serão anunciados em Oslo, na Noruega, os novos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz. Esse pode ser considerado o prêmio mais importante por ações de pessoas empenhadas em manutenção da paz no mundo. Pelo menos na teoria. Porque quando o detentor de um Nobel da Paz (Barack Obama, 2009) bombardeia no Afeganistão o hospital de um outro ganhador do prêmio (Médicos sem Fronteiras, 1999) surgem dúvidas se o título corresponde à sua essência na prática.

O criador do fundo Nobel imaginou esse prêmio para aqueles que “mais ou melhor do que outros contribuem para a paz dos povos, para o desarmamento ou redução de tropas, bem como para a realização e apoio a congressos dedicados aos problemas da paz”. O parlamento norueguês, para decidir o vencedor, escolhe uma comissão especial de cinco pessoas, cujas decisões sempre acabam sendo motivo de polêmica.

Segue uma lista de vencedores do Nobel da Paz que não se adequam aos seus ideais.

Henry Kissinger

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A indicação do secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger e do político vietnamita Le Duc Tho ao prêmio foi bastante controversa. Em 1973 eles foram indicados “por lograr um cessar-fogo na guerra do Vietnã”. Antes disso, Kissinger e a administração de Nixon haviam intensificado os bombardeios na Indochina, Laos e Cambodja. Já o político do Vietnã do Norte, Le Duc Tho comandou a operação militar em seu país e continuou com o terror mesmo após a saída dos EUA do conflito. Em 1975 as tropas do Vietnã do Norte entraram em Saigon, capital do Vietnã do Sul. Le Duc Tho, ao contrário de Kissinger, recusou o prêmio.

Yasser Arafat

Em 1994 o comitê do Nobel indicou Yasser Arafat ao prêmio. Uma figura polêmica, que para uns era uma combatente pela liberdade e para outros um terrorista. É incontestável o fato de que ele, como fundador e depois líder do Fatah realizou durante décadas atos terroristas em Israel, Jordânia e Líbano, tirando a vida de muitas pessoas. Apesar disso, Arafat recebeu o prêmio junto com o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres pelo “esforço em estabelecer a paz no Oriente Médio”. Em função de muitos protestos, um dos membros da comissão do Nobel acabou renunciando.

Al Gore

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Por seu trabalho “em realização e popularização de conhecimentos científicos sobre os danos ao meio ambiente provocados pelo homem, bem como por fundar uma base para aplicação de medidas, necessárias para contrabalançar esta influência nociva”, o vice-presidente dos EUA, Al Gore, em 2007, junto com um grupo intergovernamental de especialistas da ONU recebeu o Prêmio Nobel. Apesar do tema não ter relação com a ideia inicial de Alfred Nobel. A partir de então, o envolvimento de Al Gore em questões do clima praticamente cessaram. Já o ex-presidente do grupo intergovernamental de especialistas da ONU, Rajendra Pachauri, foi objeto de duras críticas por ter previsto, com base em dados inconsistentes, a inevitabilidade dos cenários mais macabros possíveis, tais como o alagamento completo da Holanda e seca do Amazonas.

Wangari Maathai

Foi a primeira mulher africana a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 2004. Maathai é uma ativista e defensora do meio ambiente. Ela ficou conhecida por sua luta contra a corrupção e pela preservação das florestas no Quênia. A sua indicação foi recebida com grande simpatia pelo Ocidente, também muito preocupado na defesa do meio ambiente. O mesmo não pode ser dito sobre a recepção da sua indicação no Quênia. Mais tarde o mundo soube que Maathai foi autora de algumas teorias de conspiração. Segundo ela, por exemplo, a AIDS foi criada nos laboratórios secretos do Ocidente para exterminar africanos e afrodescendentes.

Barack Obama

O recém-eleito presidente dos EUA, Barack Obama, mal assumiu o cargo, quando ganhou, em 2009, o Prêmio Nobel da Paz. “No cargo de presidente dos EUA Obama mudou o clima na política internacional. A diplomacia multilateral novamente é o centro das atenções”, explicava o comitê do Nobel assim a sua decisão, que surpreendeu o mundo na época. A surpresa era justificada, pois o jovem presidente ainda não tinha conseguido fazer muito para a manutenção da paz, além de ter herdado do seu antecessor, George Bush, alguns conflitos sangrentos. Nesse caso, o prêmio foi concedido como uma espécie de crédito. Talvez o prêmio tenha sido entregue a Obama pelo simples fato de ter simbolizado o fim da presidência de George Bush, que começou três guerras.

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Após as recentes decisões pode parecer que o Nobel da Paz tenha se tornado um prêmio por conquistas no campo da democracia, do meio ambiente e dos direitos das mulheres. Estas são conquistas importantes, sem dúvida, mas não correspondem à ideia inicial de Alfred Nobel. No entanto, talvez o maior escândalo de todos na história do Prêmio Nobel da Paz seja a ausência da indicação de Mahatma Ghandi.

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