A explosão destruiu 14 imóveis e deixou outros 54 interditados, além de ferir 8 pessoas, entre as quais uma criança. Os prédios destruídos são uma vila residencial, uma farmácia, um restaurante e uma pizzaria que as autoridades acreditam ter sido o foco do acidente.
Um dia depois da explosão, o cenário de destruição ainda impressiona. De acordo com a Prefeitura, mais de 600 toneladas de entulho já foram retiradas do local.
Não há notícias de desaparecidos, mas as buscas continuam, pois o Corpo de Bombeiros não descartou ainda a possibilidade de que alguém possa estar debaixo dos escombros.
“Nós já temos informações de que a causa da explosão foi um botijão de gás dentro da pizzaria”, informa o secretário.
Uma das vítimas, residente da região atingida pelo desastre, Valdecir Gaudino da Silva, disse que as reclamações sobre o uso de botijões de gás é antiga. Ele afirmou que vários cilindros de gás eram armazenados na pizzaria e que os moradores já se organizavam para denunciar o caso à Defesa Civil.
“A gente já estava pensando em sair de lá por causa disso. Todos os moradores. Até nesta semana eu tinha falado em reunir todos e denunciar, para ver se acabava com isso, mas não deu tempo.”
Segundo a CEG – Companhia Estadual de Gás, a Rua São Luís Gonzaga, onde ocorreu a explosão, recebe gás encanado, mas os estabelecimentos envolvidos no desastre utilizavam botijões.
O subsecretário da Defesa Civil do Rio de Janeiro, Márcio Motta, contou que o próprio dono da pizzaria admitiu usar botijões.
“Com relação à pizzaria, eu conversei com ele [o proprietário] para saber qual era a prática, qual era o tipo de gás que ele utilizava. Ele informou que era gás engarrafado, gás a granel, nos fundos do imóvel, e que ele tinha o cuidado e orientava os funcionários para que, ao desligar o gás, fechassem o registro, para ter segurança.”
Márcio Motta, no entanto, ressalta que, se há gás encanado na via, a utilização dos botijões pelos estabelecimentos seria uma prática ilegal.
“Se a concessionária fornece esse tipo de serviço, é vedada a utilização de gás engarrafado, em botijão.”
O comerciante José Augusto Cabral, que também teve a loja destruída, afirmou que usava gás encanado, mas sabia e denunciou que o restaurante vizinho armazenava botijões, e que nenhuma autoridade fez vistoria. Para o comerciante, o acidente foi uma tragédia anunciada.
“Eu sabia que aí dentro tinha botijão de gás na cozinha, então eu fiz a denúncia para a Defesa Civil, Região Administrativa, mas nada, ninguém mesmo.”
De acordo com o comandante das Atividades Especiais do Corpo de Bombeiros, Coronel Roberto Sobral, a prioridade no momento ainda é o resgate às vítimas. Depois será feita a verificação da regularidade dos estabelecimentos comerciais destruídos na explosão.
“Neste momento o nosso trabalho é focado na busca de vítimas, a posteriori a gente vai ver nos nossos registros se havia documentação legal ou não do estabelecimento.”
Toda a perícia e as investigações vão ser feitas pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli. O laudo que vai apontar exatamente a causa da explosão deve ficar pronto em até 30 dias.
Este é o terceiro caso grave de acidente provocado por vazamento de gás no Rio de Janeiro. Em outubro de 2011, uma explosão num restaurante, no Centro, matou 4 pessoas e deixou 17 feridos. E em maio deste ano, no bairro de São Conrado, o morador de um apartamento morreu vítima de outra explosão.