A revista cita as palavras do sargento Russell Haney, encarregado de recrutar jovens para o exército dos EUA. Segundo ele, a maioria dos norte-americanos adoram usar "palavras vazias" para referir-se com respeito ao serviço militar, enquanto, na prática, ninguém quer servir ao exército.
Segundo dados da revista, até 2019 a quantidade de reservistas nos EUA terá o menor indicador desde os tempos da Segunda Guerra Mundial.
"Nós participamos de duas longas campanhas terrestres e a sociedade norte-americana tem uma relação muito positiva com as forças armadas, mas a maioria das pessoas perdeu totalmente o contato com o exército. Menos de 1% dos norte-americanos querem e podem servir" – confessou o general-major Jeffrey Snow, responsável pelo recrutamento de voluntários.
A publicação destaca que a tendência já se enraizou há tempos nos EUA. Desde que a obrigatoriedade do serviço militar foi abolida no país, em 1973, a experiência do serviço militar tem gradativamente deixado de fazer parte da vida da sociedade norte-americana. Se em 1990 pelo menos um dos pais de 40% dos jovens norte-americanos havia servido ao exército, em 2014 esse indicador baixou para 17%, e desde então continua a decair.
E a mesma tendência vem sendo observada no meio das autoridades do país. A revista destaca que em 1981 o Congresso era formado por 64% de pessoas que haviam prestado serviço militar. No Congresso atual essa parcela é apenas 18%.
No primeiro caso, as catástrofes no Oriente Médio provam que as autoridades não estão dispostas em criticar a liderança militar ou monitorar mais efetivamente as suas atividades. Já a situação com a educação, coloca em questão o preparo dos EUA para as guerras do futuro.
Durante a Guerra da Coréia, cerca de 70 dos norte-americanos em idade militar serviam às forças armadas. Na época da Guerra do Vietnã a relação negativa da sociedade com o conflito e a possibilidade de deixar facilmente o exército baixaram o indicador para 43%. Atualmente, mesmo se todos os jovens do país quisessem servir, apenas 30% seriam aptos a fazê-lo, explica The Economist.
Outros sete milhões teriam sido considerados inaptos por motivos de obesidade, antecedentes criminais ou tatuagens nos braços ou rosto. Restam 4,5 milhões de cidadãos aptos ao serviço militar, mas dos quais apenas cerca de 390 mil têm vontade de servir. Sendo que, afirma The Economist, provavelmente, os melhores deles darão prioridade aos estudo em universidade ou trabalho em empresas privadas.
A publicação conclui que, dessa forma, a quantidade de futuros recrutas potenciais não atende às necessidades das Forças Armadas norte-americanas.
Do ponto de vista da redação, a próxima vez em que os EUA precisarem de um aumento brusco de alistamento, o mesmo se dará por motivo de alguma guerra muito mais brutal do que as que o país tem enfrentado nos tempos recentes.
O resultado disso, é que o EUA, possivelmente, serão incapazes de recrutar uma quantidade suficiente de soldados para tal guerra hipotética sem reintroduzir a obrigatoriedade do serviço militar ou sofrer gastos significativos.