O chanceler russo falava ao canal televisivo Rossiya-1 durante uma visita à península de Kamchatka, no Extremo Oriente da Rússia.
"Estamos prontos para uma coordenação profunda", disse Lavrov na entrevista para o noticiário russo.
"Estamos prontos para incluir a oposição patriótica, incluindo o chamado Exército Livre da Síria, para lhes fornecer apoio aéreo, embora tenham recusado a nos dar as informações sobre onde, de acordo com dados dos EUA, os terroristas estão localizados, e onde está a oposição patriótica," adicionou Lavrov.
O ministro disse que o aspeto mais importante para a Rússia é encontrar os representantes de grupos armados que combatem o terrorismo:
"Nós nunca batemos à porta, nunca nos colocamos como ofendidos," acrescentou Lavrov. "Quando uma pessoa se recusa a falar sobre assuntos sérios, surge a questão se essa pessoa entende o que está acontecendo, se uma pessoa tem ideias como resolver o problema. Quando os nossos colegas norte-americanos têm tais iniciativas, sempre reagimos e nunca evitamos uma conversa", disse ele ao Rossiya-1.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, o fato de que o secretário de Estado dos EUA John Kerry propôs realizar uma reunião ao nível ministerial em Viena indica que Washington compreende a necessidade de participação da Rússia na resolução da crise síria.
"Eles têm a compreensão da necessidade do diálogo, bem como a compreensão de que um diálogo sem a participação da Rússia dificilmente pode resultar em paz na região. Caso, é claro, todos nós queiramos a paz na região, mas não perturbações contínuas e Estados em colapso, o seu enfraquecimento, mudanças de regime… Espero que não", disse Lavrov.
Segundo o ministro russo, o secretário de Estado dos EUA John Kerry explicou a recusa de Washington de aceitar uma delegação russa liderada pelo primeiro-ministro Dmitry Medvedev para conversações sobre a coordenação dos esforços para combater o terrorismo no Oriente Médio, dizendo que os EUA não estão preparados para tal contato e propôs trabalhar ao nível ministerial.
De acordo com Lavrov, a Rússia discutiu com Assad as perspectivas de encontrar uma solução política para a crise:
"Ele mesmo [Assad] está bem consciente disso [da necessidade de uma solução política], e, por sinal, ele expressou a ideia de que a fase militar do combate ao terrorismo tem de ser complementada por uma consolidação da parte saudável da sociedade e o começo de um processo político que garanta os interesses de todos os sírios, sem exceção, de todas as preferências étnicas e confessionais e pontos de vista políticos — todos no sistema estatal e no governo”.
Lavrov também disse que a Rússia está disposta a fornecer apoio aéreo ao Exército Livre da Síria na sua luta contra o terrorismo neste país mas, primeiro, o grupo deve fornecer à Rússia os dados sobre a localização precisa das suas forças.
Além disso, Sergei Lavrov notou que há esperança no avanço do processo político na Síria.
"Apesar da política em curso 'anti-Assad' e 'democratização', a compreensão correta da situação na Síria cresce", acrescentando que somente os sírios podem definir o seu destino.
Em 30 de setembro, a Rússia autorizou, após pedido correspondente de Damasco, o envio da sua Força Aeroespacial à Síria para realizar golpes aéreos contra alvos do Estado Islâmico (grupo terrorista proibido na Rússia). Desde o início da operação, 934 voos de combate foram realizados, 819 alvos dos terroristas foram destruídos.