Nascido em 27 de outubro de 1945, em Caetés, Pernambuco, Lula trocou o Nordeste por São Paulo e, a partir de São Bernardo do Campo, trabalhou como metalúrgico e aos poucos construiu uma carreira política ímpar, que teve início na militância sindical.
Lula presidiu o Brasil entre 1 de janeiro de 2003 e 31 de dezembro de 2010, atingindo altos índices de popularidade. Na data em que completou 70 anos, merece dos companheiros do Partido dos Trabalhadores (do qual é fundador e presidente de honra) as maiores homenagens.
Uma destas homenagens é prestada pelo Deputado Federal Paulo Pimenta (PT-RS), que em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil diz que Lula ainda tem muito a oferecer ao Brasil e que em 2018 poderá perfeitamente aspirar a um terceiro mandato presidencial.
A seguir, a entrevista do Deputado Paulo Pimenta, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
Sputnik: Como o senhor avalia a trajetória política do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a época de migrante nordestino rumo a São Paulo até fazer carreira como metalúrgico e líder sindical e ter chegado à Presidência da República por duas vezes consecutivas?
Paulo Pimenta: A trajetória de vida do Presidente Lula é uma inspiração para todos nós. Por conta disso ele está na galeria das grandes lideranças políticas contemporâneas da sociedade, juntamente com Nelson Mandela e Yasser Arafat. Sua história de luta no período da ditadura, da redemocratização e como presidente de uma nação que durante muitos anos, durante 500 anos, teve uma grande maioria da população excluída da distribuição da riqueza produzida pelo país. E o Lula representa esse grande diferencial, ele mudou de maneira radical o retrato do Brasil. Quando assumimos o Governo em 2003, tínhamos mais de 20 milhões de brasileiros abaixo da linha da miséria, um país que historicamente constava do Mapa da Fome das Nações Unidas e que hoje é um país completamente diferente, que alterou do ponto de vista histórico a oportunidade para segmentos da sociedade que nunca tiveram a chance de sonhar com o acesso a uma universidade e a determinados bens de consumo. Nós sabemos da importância histórica, do papel político dessa grande liderança que é o Presidente Lula, e o dia de hoje é para nós um dia de reconhecimento, de festa e de agradecimento por todo o seu legado e sua história de vida.
S: Quando de sua vitória na primeira eleição, em 2002, o Presidente Lula, ao ser diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral, disse: “Todos me cobram o fato de eu não ter um diploma universitário, no entanto hoje eu estou recebendo o diploma mais importante deste país que é o de Presidente da República Federativa do Brasil.” É uma lição que o presidente transmitiu à população?
PP: Com certeza. É o retrato da superação, é uma palavra de incentivo. Hoje nós temos um exemplo claro de milhões de famílias que pela primeira vez têm um filho universitário. Isto é uma revolução para um país como o Brasil, com uma elite conservadora, dominante, que nunca imaginou que seria presidida por um operário metalúrgico, um retirante nordestino que hoje é reconhecido como uma das principais lideranças políticas do mundo, e que tivesse a capacidade política de liderar um projeto político que elegesse duas vezes a sua sucessora, a primeira vez que uma mulher governa o Brasil. São vários anos de consolidação de um projeto popular que tem na figura do Presidente Lula sua principal liderança, sua principal referência.
S: Sobre o futuro político do Presidente Lula, o senhor acredita que a crise política e econômica do Governo Dilma abre caminho para a candidatura de Lula à Presidência de República em 2018, quando ele estará com 73 anos?
PP: Eu espero que sim. O Presidente Lula é uma pessoa que tem um carisma extraordinário. Em meio a toda esta crise, saiu uma pesquisa eleitoral ontem em que ele aparece claramente na frente nas intenções de voto, mesmo com esse momento delicado e difícil que o país vive. Acho que há uma enorme expectativa com relação a isso. Temos que aguardar o momento oportuno, mas eu, particularmente, torço muito e vou trabalhar para que em 2018 o presidente esteja novamente colocando o seu nome à disposição do povo brasileiro.
S: E em relação ao comportamento das oposições, o senhor acredita que os oposicionistas conseguirão desconstruir a imagem do Lula até a próxima eleição, que poderá ser antecipada em função dos processos que visam ao afastamento, ao impeachment da Presidenta Dilma Rousseff?
PP: Eu não acredito que qualquer tentativa de abreviar o mandato da Presidenta Dilma tenha êxito. Acho que isso é uma possibilidade que precisamos refutar de todas as maneiras. A oposição precisa aprender, precisa entender que nós não estamos dispostos a permitir que a nossa Constituição seja rasgada. A oposição terá que trabalhar muito, terá que fazer um esforço enorme porque o Lula vem aí e vem com a força do povo, com a sua liderança, sua capacidade de mobilização de norte a sul deste país, e vamos defender esse legado, essa imagem pública do que ele representa. A oposição hoje, infelizmente, vive um processo permanente de terceiro turno, não aceita de maneira democrática o resultado da eleição. Isto faz parte da disputa de poder, são elites centenárias que se sentem ameaçadas em seus privilégios, em seus espaços privados, e que sabem que o PT e especialmente o Lula representam essa mobilidade de oportunidade aos que vêm de baixo, e isso assusta os setores conservadores. Nós sabemos que é um processo de luta de classes, de interesses históricos em jogo, e temos clareza do nosso papel e temos também a nossa determinação e determinação de defender esse legado e esse projeto.
S: Fundador do Partido dos Trabalhadores e figura de destaque da História do Brasil desde os anos de 1970, Lula ainda tem um papel a cumprir?
PP: Com certeza. O presidente é muito novo, está bem de saúde, fisicamente preparado, com um astral muito bom. Ele tem consciência plena da sua tarefa histórica e tem muito ainda o que nos dar enquanto líder político que ele é e representa para todos nós.