As charges apareceram na edição da quinta-feira (5).
Uma delas mostra um terrorista do Estado Islâmico (EI) e os destroços do avião caindo sobre e em torno dele. A legenda diz: "Estado Islâmico: Aviação Russa intensifica sua campanha de bombardeio".
No segundo desenho, um crânio em óculos escuros meio quebrados, deitado no chão em meio de partes de corpos e destroços do avião, fala sobre os perigos de voar com a companhia aérea russa. A legenda diz: "Os perigos de voar de baixo custo. Eu deveria ter tomado Air Cocaine".
Os desenhos já foram chamados de blasfêmia e insulto à memória das vítimas da tragédia horrível.
"Eu acho que é uma blasfêmia e um escárnio das memórias das vítimas da tragédia. Nenhum meio de comunicação deve ser autorizado a fazer isso, não importa em que gênero se especializam", disse Igor Morozov, membro da Comissão parlamentar para Relações Exteriores russa.
"Eu acho que os próprios jornalistas provocam a violência", acrescentou o político.
O Charlie Hebdo é conhecido por suas publicações controversas. Em 7 de janeiro, o escritório da edição em Paris foi atacado por islamistas radicais armados que mataram 12 pessoas e feriram 11 por terem publicado umas caricaturas que apresentavam uma imagem cômica do profeta Maomé.
A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia Maria Zakharova também comentou as charges na sua página no Facebook com uma pergunta: "Alguém mais ainda é Charlie?"
Ещё кто-то Шарли?
Posted by Мария Захарова on 5 ноября 2015 г.
O comentário refere-se ao slogan e hashtag #JeSuisCharlie (Eu sou Charlie) que apareceu espontaneamente após o ataque em janeiro em apoio aos jornalistas mortos da revista.
Em setembro Maria Zakharova comentou outra charge de Charlie Hebdo sobre a morte de uma criança síria.
"Você sabe por que eu não sou JeSuisCharlie?", ela escreveu:
"Porque, na minha opinião, eles enganam a todos nós e a si mesmos, afirmando que não existem temas proibidos para o seu humor. Se fosse realmente assim, então poderíamos entender a charge com uma criança síria morta (não aceitar, mas apenas entender). Mas sob uma única condição: se no dia seguinte eles tivessem publicado uma caricatura dos seus colegas mortos".
O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, afirmou, em coletiva também desta sexta, que Moscou considera "inaceitável" e "blasfêmia" a publicação dos desenhos.