O fato vem sendo denunciado pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, desde o domingo, 8. Na segunda-feira, foi a vez do Presidente Nicolás Maduro protestar contra os Estados Unidos e exigir um pedido de desculpas.
O Professor José Niemeyer, coordenador dos Cursos de Relações Internacionais do Ibmec-Rio, também considera muito graves os fatos denunciados pelo Governo venezuelano contra os EUA.
A seguir, o comentário do Prof. Niemeyer para a Sputnik Brasil.
“Se já há este nível de formalização de protesto do Governo venezuelano com relação ao Governo norte-americano, ele deve ter provas cabais de que isso ocorreu. Este assunto deve estar sendo tratado nas altas esferas dos dois Governos, com muito mais importância no venezuelano do que no norte-americano, porque faz parte da estratégia dos EUA, principalmente durante o período Obama, não dar muita confiança a este tipo de postura crítica de um segundo ou terceiro Governo. O grave é que realmente pode ter acontecido, porque nós vivemos hoje um ambiente internacional de muita indefinição, de muito pouca previsibilidade. Realmente, um avião norte-americano pode ter sobrevoado o espaço aéreo venezuelano em busca de informações, até porque toda a capacidade aérea norte-americana é muito concentrada na alta tecnologia, principalmente na busca de informações não só via satélite mas também por aviões que se aproximam, e todo um sistema de tecnologia de informação consegue obter dados sensíveis.
Os EUA sempre fizeram e continuam fazendo diplomacia secreta. Alguns países têm uma agenda de diplomacia secreta muito clara. É aquela forma de fazer diplomacia em parceria com o serviço secreto, os diplomatas quase são agentes secretos. A primeira questão é uma questão formal conceitual: os norte-americanos não vão admitir que fizeram esta ação de espionagem. E há uma outra questão que envolve toda a postura, toda a agenda do Governo Obama, que é a seguinte: qual a marca do Governo Obama? Para muitos é um Governo dúbio porque se aproxima da Palestina ao mesmo tempo que é aliado de Israel; negocia acordos com a União Europeia, mas, ao mesmo tempo, desconfia de algumas posições de Alemanha e França; se posiciona com relação à abertura do regime cubano mas não deixa clara a intenção desta abertura por parte dos EUA; vê o Brasil como aliado na América do Sul mas desconfia do Brasil como liderança solitária nesta região.