"A reação do governo francês foi tanto pânica quanto rápida, e imediatamente abraçou medidas autoritárias repressivas semelhantes às que foram criadas pelo governo Bush na sequência do 9/11/2001. Assim como o 9/11 nos Estados Unidos, parece que a maneira em que a sexta-feira sangrenta da França será explorada importa mais do que a própria tragédia", escreveu o autor.
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— NEWS JUNKIE POST (@NEWSJUNKIEPOST) 16 novembro 2015
"Não há melhor justificativa para reprimir os direitos civis, a liberdade e outros princípios que definem a essência da democracia do que a boa e velha guerra global permanente contra o terror", acrescentou o analista com um traço de amarga ironia.
Aos parisienses foram dadas instruções para permanecerem em suas casas, enquanto policiais fortemente armados, equipes da SWAT e militares ocupavam as ruas.
Mercier chamou a atenção para o fato de que um decreto notavelmente semelhante ao Ato Patriótico dos EUA foi rapidamente adotado para autorizar a busca de potenciais culpados em todos os edifícios e residências privadas.
Enquanto as fontes da grande mídia se focam incansavelmente na tragédia francesa, um recente ataque similar em Beirute, no Líbano, permanece amplamente negligenciado, enfatizou Mercier.
"A mensagem implícita e desprezível enviada pela imprensa foi que a perda de vidas francesas importava bem mais do que a perda de vidas de pessoas no Oriente Médio", escreveu ele.
Assim, pode-se imaginar que tipo de sentimento esta abordagem irá provocar em um jovem francês de origem árabe que geralmente fica "na parte mais baixa da cadeia alimentar socioeconômica francesa", observou o jornalista.
"Pessoas com tais perspectivas sociais sombrias são os principais e mais fáceis alvos para tornarem-se jihadistas do Estado Islâmico”, acrescentou.
Segundo Mercier, apenas um senso de perspectiva real para um futuro melhor poderia servir de remédio contra o mal-estar social escondido da França. Em contraste, de acordo com ele, a via da repressão escolhida pelo establishment político e financeiro do país não levará a nada.
"Por uma questão de sobrevivência da União Europeia, a França, e a Europa em geral, devem repensar radicalmente as suas políticas fracassadas. Os ataques de Paris devem ser considerados como os sintomas de uma falha sistêmica", frisou o autor do artigo.
Por outro lado, à luz das guerras perpétuas da OTAN que arrastaram o Oriente Médio e o Norte da África para o círculo vicioso de um banho de sangue, as vítimas de Paris "podem ser vistas como danos colaterais civis adicionais em um mundo onde o resultado líquido das absurdas políticas ocidentais é sempre a disseminação da miséria e da morte", concluiu Mercier.