No entanto, disse Shelly Shetty, a perspectiva negativa se mantém, devido “à piora adicional da economia, à deterioração mais acentuada das contas fiscais, à escalada da dívida bruta e às dificuldades extras na governabilidade”, fatores que, segundo a analista, podem colocar pressão adicional para o rebaixamento da classificação de risco do Brasil.
Ao comentar o posicionamento da Fitch, o professor de Economia Istvan Kasznar, da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro, observou que “as agências de classificação de risco, em geral, não devem receber um superpoder ou uma superdeferência sobre o que fazem”.
O Professor Kasznar relembra:
“Essas agências continuavam achando que os Estados Unidos eram rating Triplo A [AAA], a melhor nota, no meio do ano de 2007 e depois em 2008, com os EUA quebrando e, depois, quebrando o mundo com as subprimes e com os junk banks deles, papéis e títulos podres. Essas agências davam nota máxima e deferência máxima aos Estados Unidos, e depois para outros países europeus que se encalacraram totalmente.”
Por isso, Istvan Kasznar recomenda máxima cautela diante das avaliações não só da Fitch mas de todas as agências de avaliação de riscos:
“Eu creio que nós temos de tomar muito cuidado, porque a Fitch pode ser uma organização séria, mas ela não é um deus ex machina coisíssima nenhuma. A Fitch é mais uma agência a querer viver da análise de qualidade do risco soberano, do risco de transferência e do risco de capacidade de remessa de divisas dos países, entre outros serviços.”