O ex-guarda do campo Mitchell Gray declarou no ar da emissora Sputnik que o Bucca se tornou num terreno fértil para aqueles que um tempo passado se formaram no grupo terrorista Estado Islâmico.
Um homem jovem suspeito de ser militante era trazido na sala de interrogações nos primeiros dias da guerra no Iraque. Deixado só com uma edição do jornal para homens Maxim ele era observado pelos funcionários do campo. Se ele apanhar o jornal e der uma olhada, ele seria considerado "moderado" e levado para um pavilhão comum, e se não, seria considerado "radical" e acabaria em um pavilhão para jihadistas.
Os funcionários da prisão deviam também separar os detidos e manter os sunitas separadamente dos xiitas e os jihadistas moderados, dos radicais para manter a paz no centro da detenção.
Segundo Mitchell Gray divulgou à Sputnik, caso os prisioneiros não fossem separados, apareceriam problemas “com mais radicais radicalizando os menos radicais”.
Tal política também previa a coexistência por muito tempo de jihadistas radicais e permitiria o terreno fértil para estes desenvolver ideias radicais.
"Entre os prisioneiros existia violência. Eles criavam seus próprios tribunais da Sharia e mesmo executaram ou torturaram outros e intimidaram pessoas para se tornar mais radical," disse Gray.
Os problemas podem ser rastreados às origens do campo, que nunca foi preparado para enfrentar adequadamente a situação política da região.
Com o desenvolvimento da guerra no Iraque muitos problemas geopolíticos apareceram e Bucca nunca lidava com estes, segundo o ex-guarda.
Ele serviu no campo de detenção entre 2007 e 2008 e disse que cerca de 30 mil pessoas foram detidas e mantidas na instituição penitenciária:
“Foi uma mistura. O lugar tinha todos, de membros da Al-Qaeda até milícias locais e criminosos francos”.
Gray divulgou que quando foi admitido para o trabalho ele foi dito que um dos detidos poderia ser um próximo Nelson Mandela. Mas na verdade aconteceu o completamente contrário.
"Isso é o que aconteceu com Abu Bakr al-Baghdadi, é ele que não foi considerado uma ameaça e foi libertado e voltou para a comunidade. Na verdade, ele tinha sido visto, realmente, como alguém que era um mediador e uma influência moderadora", disse Gray.
Depois de ser libertado, al-Baghdadi organizou uma organização terrorista que já é geralmente sabida notoriamente por todo o mundo – o Estado Islâmico.