Uma barreira de 9 km chegou a ser montada na Foz do Rio Doce, no distrito de Regência, em Linhares, no Norte do Espírito Santo, para tentar conter os rejeitos de minério e proteger a fauna e a flora da região. No entanto, não foi suficiente, e a lama se espalha pelo mar.
O fato já era esperado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, órgão vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH. Segundo o Comitê, o material usado na barreira não seria apropriado para conter a lama.
Já para a mineradora Samarco, as barreiras instaladas em áreas de proteção ambiental tiveram uma eficiência de até 80%, se comparada a cor da água no estuário, que é o local do encontro do rio com o mar, com a do canal principal do rio.
No domingo, a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que os trabalhos de revitalização e restauração da Bacia do Rio Doce vão ter início assim que cessar a chegada da lama da barragem de Mariana ao mar.
“O acidente ainda não terminou. Nós temos que concluir a migração da lama para o mar e ali vai dispersar. E, obviamente, fazermos a avaliação e começarmos imediatamente o processo de revitalização e restauração da bacia. Será um trabalho, como eu disse, de longo prazo, mas nós devolveremos aos brasileiros a Bacia do Rio Doce recuperada e, talvez, em melhores condições do que ela estava hoje. Tem um aprendizado muito grande. Toda vez que você tem desastres provocados por atividades econômicas, nós temos que rever parâmetros. Isso é uma tradição no mundo, quando acontece na indústria de petróleo, e, certamente, o governo vai discutir, depois de socorridas as vítimas, de equacionadas as questões emergenciais, todo o aperfeiçoamento que se fizer necessário em normas de segurança, em legislação”.
Segundo a ministra, vários grupos de trabalho no governo federal já estão dedicados a estudar possíveis alterações na questão da mineração no Brasil. Ela espera, nesta semana, ter uma avaliação de tudo, antes de seguir para Paris, onde participa da COP 21, conferência do clima.
Há uma grande preocupação que a lama que está no mar do Espírito Santo avance até o Arquipélago de Abrolhos, localizado no Oceano Atlântico, no litoral da Bahia. O Parque Nacional Marinho de Abrolhos possui a maior biodiversidade de recifes de corais do Oceano Atlântico Sul, responsável pela vida de centenas de espécies marinhas.
Na sexta-feira (20), a ministra Izabella Teixeira garantiu que não há risco de isso acontecer, pois, de acordo com dados preliminares, a dispersão da lama chegaria a seis quilômetros ao norte, e Abrolhos estaria a uma distância de 250 quilômetros.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vêm fazendo ações de emergência para proteger a fauna da região afetada pela catástrofe, como a retirada de ovos de tartaruga de locais ameaçados na costa capixaba, bem como a captura e transporte de matrizes de peixes também ameaçados.