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Macri não expulsará Venezuela do Mercosul, adverte dirigente em Caracas

© flickr.com / Joseph RemedorBandeira da Venezuela
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Venezuela não teme que o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, recorra à cláusula democrática do Mercosul para expulsar Caracas deste grupo sulamericano, revelou nesta segunda-feira, à Sputnik, o deputado Saúl Ortega, dirigente do governista Partido Socialista Unido (PSUV).

"A Venezuela não será expulsa do Mercosul por Macri; ingressamos nele [Mercosul] com acordos ratificados pelos congressos dos países parceiros", destacou Ortega, que ocupa os cargos de vicepresidente da comissão de política exterior da Assembleia Nacional venezuelana e de presidente temporário do Parlamento Sulamericano.

Macri declarou nesta segunda-feira que, ao assumir a presidência da Argentina, irá recorrer à cláusula democrática do bloco econômico da América do Sul para expulsar Venezuela de sua formação.

"Creio que a Venezuela merece isso pelos abusos que estão sendo cometidos, pela perseguição dos opositores e pelos abusos com liberdade de expressão", disse Macri em entrevista coletiva.

O presidente eleito ressaltou ainda que "essa atitude [do governo venezuelano] não tem nada a ver com o compromisso democrático que nós argentinos assumimos".

A cláusula democrática prevista no Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela – estabelece a possibilidade de suspender um Estado membro caso haja ruptura da ordem democrática, de acordo com os Protocolos I e II de Ushuaia, assinados em 1998 e 2011, e que só podem ser aplicados por consenso.

"Venezuela ratificou os dois protocolos, mas a Argentina ratificou apenas o Ushuaia I, e, por isso, nós é que podemos nos invocar contra Macri se o seu governo violar normas relativas aos direitos econômicos, sociais e culturais dos trabalhadores e do povo argentino", disse Ortega.

Nas sua opinião, a Argentina "e seus trabalhadores atravessarão tempos difíceis, como os vividos durante o mandato de Fernando de la Rúa (1999-2001)".

"Macri venceu com uma margem mais acirrada do que indicavam as pesquisas, não tem maioria no Congresso do seu país, nem nas províncias, e o kirchnerismo [movimento político da presidente Cristina Kirchner e de seu marido e antecessor Néstor Kirchner] se mantém como uma força fundamental", afirmou.

O empresário Mauricio Macri, fundador do partido conservador Proposta Republicana (PRO), foi eleito no domingo (22) sucessor da presidente argentina Cristina Kirchner. Ele toma posse no dia 10 de dezembro, depois de doze anos de governos kirchneristas.

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