O Acordo de Paris deve entrar em vigor em 2020, em substituição ao Protocolo de Quioto, que prevê a redução de emissões de gases poluentes apenas para nações desenvolvidas. Na avaliação de especialistas, a postura dos principais países emissores tem mudado nos últimos anos, passando de uma atitude defensiva para um maior engajamento nas negociações climáticas na busca de soluções para o aquecimento global.
“Essa posição defensiva que bloqueava avanços foi vencida”, disse o coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, Tasso Azevedo.
O diretor do departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Raphael Azeredo, considera positivo que os principais atores das negociações climáticas, como os EUA, a China, a União Europeia e a Índia, além do Brasil, tenham apresentado suas Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (INDCs) para a Organização das Nações Unidas.
“EUA e China (os maiores emissores) fizeram uma declaração conjunta (em que anunciaram metas de redução de emissões em 2014) que já dava um gostinho do que seriam as respectivas INDCs e isso foi muito importante para o processo multilateral porque eram dois países que não estavam no Protocolo de Quioto. Eram dois países que certos setores associavam como sendo reticentes ao esforço multilateral, que preferiam estar eventualmente fora de um acordo”, disse o diplomata à Agência Brasil.
Segundo Tasso Azevedo, os EUA apresentaram um engajamento maior do que a China e a Índia, mas insuficiente no longo prazo. “A trajetória das emissões é de queda nos EUA, mas dado o histórico do que já emitiu, é insuficiente como contribuição para chegar aos 2 graus Celsius (limite estabelecido para o aumento da temperatura média da Terra até 2100).”
De acordo com Raphael Azeredo, a Índia é um parceiro importante brasileiro dentro do Basic, que reúne as grandes economias emergentes (África do Sul, Índia, China e Brasil), e do Grupo dos 77, que congrega os países em desenvolvimento, e é também um importante ator nas questões relativas ao clima, informou a Agência Brasil.
“É um país que tem a segunda maior população do mundo e um dos maiores desafios globais em termos de inclusão social. Sempre foi muito vocal no sentido de que, como não poderia deixar de ser, a prioridade dele tem que ser a erradicação da pobreza do seu povo. O que é muito positivo é que a Índia sempre se engajou no processo do clima e continua sendo um ator participante. Isso prova que é possível conciliar o combate à mudança do clima com o desenvolvimento sustentável e com a erradicação da pobreza”, completou o diplomata.