Como o senhor recebeu este pedido e qual é a sua visão pessoal sobre esta questão?
Não há qualquer dúvida, aliás, ninguém tem dúvida, de que o deputado Eduardo Cunha está usando o pedido de impeachment (ao dar andamento a ele) em atitude retaliatória. A bancada do PT na Câmara dos Deputados firmou posição pela admissibilidade da representação disciplinar que tramita contra Eduardo Cunha no Conselho Disciplinar da casa. E ele se vale do cargo para isso – para retaliar, chantagem, estabelecer barganhas subalternas, prejudicar as investigações existentes contra ele, etc. Com isso ele mostra duas coisas: que ele agiu com abuso de poder ao dar andamento ao impeachment e que ele não reúne qualidades éticas e morais para permanecer à frente da Câmara dos Deputados.
A posição do partido é exatamente essa: o deputado Eduardo Cunha não reúne mais condições de estar à frente da Câmara e está usando o impeachment com abuso de poder, já que ele não tenta com isso alcançar qualquer finalidade pública. Ele tenta desviar o foco da situação político-jurídica para o impeachment da presidente, que ele sabe muito bem não ter qualquer base de sustentação jurídica. Este é o entendimento do partido e nós não vamos aceitar passivamente que esse pedido prospere na Câmara dos Deputados.
O ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse que agora a tática é de guerra. Qual é a sua avaliação?
Obviamente é uma metáfora do ministro. Mas o sentimento em relação ao Eduardo Cunha é de repulsa e indignação. Nós não podemos ter à frente do poder legislativo uma pessoa com esses atributos. Que se vale do cargo em proveito pessoal, que tem contas bancárias secretas (e hoje públicas graças ao ministério Público da Suíça) no exterior, não declaradas, de recursos de origem duvidosa. Enfim, já passou da hora de o deputado Eduardo Cunha se afastar do cargo.
Ainda não. Isso deve acontecer hoje em reunião de bancada. Mas, talvez, se o Supremo Tribunal Federal entender o contrário, não haja nem essa necessidade.
O senhor fará parte dessa comissão? Afinal, o senhor deverá ser um dos designados do partido devido ao seu amplo conhecimento jurídico, ao fato de ter presidido a seção do estado do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil e ter defendido com muita veemência a honestidade e a probidade da presidenta Dilma Rousseff.
Não sei. Essa será uma escolha da bancada. Meu nome está a disposição, e se a bancada entender que eu devo integrar a comissão irei cumprir o meu dever.