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Dilma afirma que única justificativa para impeachment é criar atalho para a presidência

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Depois de ganhar o apoio de juristas brasileiros, a Presidenta Dilma Rousseff se reúne nesta terça-feira (8), no Palácio do Planalto, em Brasília, com governadores que não concordam com a abertura do processo de impeachment.

O Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil também se pronunciou. Segundo a Secretária-Geral da organização, Romi Bencke, o Conselho também é contra o impedimento da presidenta.

Romi, enfatizou que o Conselho desde 2014 vem emitindo notas em defesa da Democracia, e que os elementos usados para justificar o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff não são concretos e não o justificam.  

“Achamos que a gente deveria se pronunciar contra esse impedimento, não no sentido de defender um governo, mas no sentido de defender a democracia, porque a gente imagina que existem outras agendas e pautas nesse momento para o país muito mais relevantes, que têm a ver com a estrutura do país, com o projeto de país mesmo, do que esse tema do impedimento de uma Presidente da República, que foi eleita democraticamente, e que tem, portanto, toda a legitimidade para permanecer no governo. Os fatos, os elementos que até agora foram apontados para justificar o impedimento da presidente, eles não são concretos, não justificam esse impedimento”.  

Nesta terça-feira, a assessoria de comunicação da vice-Presidência da República informou pelas redes sociais que o vice-Presidente Michel Temer ficou muito surpreso ao saber do vazamento da carta enviada por ele na tarde de segunda-feira para a Presidenta Dilma Rousseff.

Na correspondência, Temer reage às declarações públicas da Presidenta Dilma sobre a lealdade dele neste processo de impeachment. Segundo ele, a carta é um desabafo, de que Dilma não precisa falar publicamente sobre a sua lealdade. Temer afirma que, mesmo mantendo a unidade do PMDB, e apoiando o governo, suas ações geram desconfiança e menosprezo por parte do governo.

“Tenho mantido a unidade do PMDB apoiando seu governo, usando o prestígio político que tenho advindo da credibilidade e do respeito que granjeei no partido. Isso tudo não gerou confiança em mim. Gera desconfiança e menosprezo do governo”.

Temer ainda disse na carta que nos primeiros quatro anos de governo ele foi tratado como vice decorativo, e que ele ou o PMDB jamais foram chamados para discutir questões econômicas ou políticas do país. De acordo com as postagens da assessoria da vice-presidência no twitter, a carta não propõe rompimento entre partidos ou com o governo, mas, pelo contrário, diz respeito à reunificação do país, como o vice-presidente já fez em pronunciamentos anteriores.

“Passados estes momentos críticos, tenho certeza de que o país terá tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais. Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção”, finalizou Temer.

Depois de ter recebido a carta de Michel Temer, Dilma Rousseff abriu na noite de segunda-feira a 10ª Conferência Nacional de Assistência Social. Em discurso, a presidenta voltou a falar sobre o pedido de impeachment, pregou a união do país e a não interrupção do seu mandato, mas não se pronunciou sobre a correspondência.

“Não há nenhuma justificativa para que isso ocorra, exceto para aqueles que acham que tem um atalho para chegar à Presidência da República que não é o voto popular”.

O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou hoje em sua conta no Twitter que a Presidenta Dilma vai lutar “até o fim” para defender seu mandato. Segundo ele, “o intenso convívio com a presidenta nos últimos dias o fez perceber com mais nitidez a imensa capacidade dela de enfrentar dificuldades. O ministro da Casa Civil disse ainda que “Dilma tem se mostrado a cada dia à disposição para lutar até o fim pela manutenção do mandato conquistado legitimamente nas urnas", e que “ela sabe que, além da estabilidade democrática", estão em risco "as conquistas sociais dos últimos 13 anos”.

O Plenário da Câmara elege nesta terça-feira(8), a partir das 17h30, os 65 deputados que vão fazer parte da Comissão Especial que vai analisar o pedido de impedimento da Presidenta Dilma Rousseff. A escolha aconteceria na segunda-feira (7), mas foi adiada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, sob alegação de ausência de deputados para a votação e a necessidade de apresentar uma chapa alternativa dos partidos da oposição.

Na hora da eleição para a Comissão especial, os deputados poderão votar na chapa 1, que é a oficial, aprovada pelo Governo, e com 49 deputados, ou a chapa 2, organizada pela oposição e parte do PMDB, com 39 deputados. Também será possível optar pelo voto em branco.

De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa na Câmara, a votação será secreta, porque se trata de uma eleição, mas o governo quer a votação aberta para evitar a traição de deputados aliados.

Após a votação, o resultado será divulgado no painel eletrônico do plenário. Por se tratar de votação secreta, apenas o placar será divulgado.

Seja qual for a chapa eleita, será preciso ainda fazer uma eleição suplementar para complementar os 5 deputados que vão formar a Comissão Especial. Essa eleição suplementar poderá ser realizada ainda nesta terça-feira.

A chapa alternativa com deputados do PMDB que estão contra o governo Dilma surgiu após o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), apresentar nomes fiéis ao governo Dilma.

Insatisfeito, o grupo da oposição se movimenta e quer tentar derrubar Picciani, antecipando a votação de um novo líder para a bancada, fato que aconteceria somente em fevereiro do ano que vem.

Segundo Leonardo Picciani, o que está sendo feito é preservar a unidade do partido e lidar com a situação com bom senso.

“Eu continuarei líder, prezando pela unidade da bancada, prezando pela estabilidade da bancada, pelo bom senso”.

O Governo está atento à movimentação da oposição, e analisa se é oportuno entrar na Justiça para impedir a chapa alternativa.

Na hora da votação, os deputados devem se dirigir imediatamente para o Plenário, o que pode atrapalhar os trabalhos do Conselho de Ética, que está nesta terça-feira (8) votando o parecer preliminar que pede a continuidade das investigações contra Eduardo Cunha. São 13 deputados inscritos para falar sobre o pedido de casação do presidente da Câmara.

Se não conseguir finalizar os trabalhos nesta terça-feira, o Conselho de Ética vai voltar a se reunir somente na tarde de amanhã, e, mais uma vez, o processo de Cunha poderá ser adiado, porque o horário pode cruzar novamente com o de votações no Plenário.

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