Rússia, OTAN e Europa: quem aumenta as tensões?

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Na semana passada (2) a OTAN convidou Montenegro a começar negociações sobre a adesão ao bloco militar, mas a Rússia considera este passo como uma provocação, que só prova a inquietação russa com a crescente presença militar da Aliança no Leste Europeu, inclusive nos Balcãs.

Enquanto isso, Washington não considera a recente proposta como provocação, e o secretário de Estado norte-americano John Kerry disse: “A OTAN é uma aliança da defesa, que já existe por 70 anos e não é dirigida contra a Rússia”.

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A declaração parece ideal do ponto de vista da diplomacia, mas por que razão teria a Aliança Atlântica decidido tomar esta decisão, que claramente aumenta tensões com a Rússia?

O jornalista italiano Giampaolo Rossi pergunta no seu artigo para Il Giornale:

“Será que, para os altos responsáveis da Aliança Atlântica, a adesão de um país tão pequeno é mais importante do que a preservação das relações com Moscou, tão precisas para lutar contra o Daesh, que o próprio Obama chamou de um ‘inimigo comum’”?

A declaração de Kerry veio em uma altura em que as tensões entre a Rússia e o Ocidente aumentaram, após um caça turco [a Turquia é país membro da OTAN] ter abatido um bombardeiro russo Su-24. Segundo o jornalista italiano, “só graças à responsabilidade do Kremlin foi evitada uma crise internacional”.

Mas quem realmente representa ameaça?

Uns dias mais cedo, Stoltenberg (o principal organizador de toda a história da adesão de Montenegro à OTAN), em uma entrevista publicada por várias edições ocidentais, acusou duramente a Rússia e chamou-a de “ameaça à segurança da Europa”, argumentando a sua opinião pela alegada agressão russa na Ucrânia e anexação da Crimeia. 

Mas Moscou já tem várias vezes declarado que tem nada a ver com a crise interna na Ucrânia e a península foi reintegrada no ano passado à Rússia em resultado de um referendo.

Enquanto isso, Giampaolo Rossi vê a situação na Europa de forma completamente diferente: 

“Está em andamento um cerco da Rússia por parte do Ocidente, ao qual a Rússia responde com tentativas de proteger o seu espaço vital. A crise ucraniana também pode ser examinada deste ponto de vista.”

No seu artigo, o jornalista dá outro exemplo, o potencial militar de ambos os lados: “o poderio militar da Rússia representa atualmente só a quinta parte das possibilidades da antiga União Soviética, mas a OTAN nos últimos 20 anos aumentou suas capacidades ofensivas (desculpem, de defesa), “engolindo” países do ex-Pacto de Varsóvia e países neutros”.

Quem aumenta as tensões?

Segundo recentemente escreveu Ian Kearns, um dos mais influentes analistas estratégicos na Europa, “nenhuma das partes declara abertamente isso, mas o exército russo está se preparando para o combate com a OTAN e a OTAN está se preparando para o combate com a Rússia”.

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Os acontecimentos atuais não correspondem aos interesses europeus, sublinha o jornalista italiano. Enquanto a Europa e a Rússia têm interesse em construir um espaço de integração e segurança, e partilham as ameaças (terrorismo, crise econômico, situação no Oriente Médio, questões energéticas) existe um poder que tenta desencadear o conflito.

Pode ser, admite Rossi, que em Washington haja pessoas que possam responder: quem é que afinal está interessado em afastar Moscou da Europa?

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