Enquanto isso, Washington não considera a recente proposta como provocação, e o secretário de Estado norte-americano John Kerry disse: “A OTAN é uma aliança da defesa, que já existe por 70 anos e não é dirigida contra a Rússia”.
O jornalista italiano Giampaolo Rossi pergunta no seu artigo para Il Giornale:
“Será que, para os altos responsáveis da Aliança Atlântica, a adesão de um país tão pequeno é mais importante do que a preservação das relações com Moscou, tão precisas para lutar contra o Daesh, que o próprio Obama chamou de um ‘inimigo comum’”?
A declaração de Kerry veio em uma altura em que as tensões entre a Rússia e o Ocidente aumentaram, após um caça turco [a Turquia é país membro da OTAN] ter abatido um bombardeiro russo Su-24. Segundo o jornalista italiano, “só graças à responsabilidade do Kremlin foi evitada uma crise internacional”.
Mas quem realmente representa ameaça?
Uns dias mais cedo, Stoltenberg (o principal organizador de toda a história da adesão de Montenegro à OTAN), em uma entrevista publicada por várias edições ocidentais, acusou duramente a Rússia e chamou-a de “ameaça à segurança da Europa”, argumentando a sua opinião pela alegada agressão russa na Ucrânia e anexação da Crimeia.
Mas Moscou já tem várias vezes declarado que tem nada a ver com a crise interna na Ucrânia e a península foi reintegrada no ano passado à Rússia em resultado de um referendo.
Enquanto isso, Giampaolo Rossi vê a situação na Europa de forma completamente diferente:
“Está em andamento um cerco da Rússia por parte do Ocidente, ao qual a Rússia responde com tentativas de proteger o seu espaço vital. A crise ucraniana também pode ser examinada deste ponto de vista.”
No seu artigo, o jornalista dá outro exemplo, o potencial militar de ambos os lados: “o poderio militar da Rússia representa atualmente só a quinta parte das possibilidades da antiga União Soviética, mas a OTAN nos últimos 20 anos aumentou suas capacidades ofensivas (desculpem, de defesa), “engolindo” países do ex-Pacto de Varsóvia e países neutros”.
Quem aumenta as tensões?
Segundo recentemente escreveu Ian Kearns, um dos mais influentes analistas estratégicos na Europa, “nenhuma das partes declara abertamente isso, mas o exército russo está se preparando para o combate com a OTAN e a OTAN está se preparando para o combate com a Rússia”.
Pode ser, admite Rossi, que em Washington haja pessoas que possam responder: quem é que afinal está interessado em afastar Moscou da Europa?