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Polícia caça líderes de quadrilha que fornecia cidadania falsa a imigrantes sírios

© Marcelo Camargo/ Agência Brasil / Acessar o banco de imagensNovo passaporte brasileiro, apresentado pelo Ministério da Justiça na última semana
Novo passaporte brasileiro, apresentado pelo Ministério da Justiça na última semana - Sputnik Brasil
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A Polícia do Rio está em busca de informações que levem à prisão de três integrantes de uma quadrilha que falsificava documentos para dar cidadania brasileira a imigrantes sírios. A fraude incluía o fornecimento de certidões de nascimento, identidade, título de eleitor e passaportes brasileiros.

Interpol. - Sputnik Brasil
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Interpol pode procurar sírios que fraudaram passaporte no Brasil
A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, em parceria com o Disque-Denúncia e o Portal dos Procurados, divulgou as fotos de Jorge Luiz da Silva Motta, Ali Kamel Issmael e David dos Santos Guido, que atuavam como organizadores de todo o processo ilegal. Após 8 meses de investigações, a Delegacia de Defraudações identificou 72 sírios envolvidos na fraude.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a delegada titular de Defraudações, Andrea Menezes, explicou que a descoberta da quadrilha teve início por um dos investigadores, que percebeu que as certidões de nascimento tinham informações muito parecidas.

"{O nosso ponto de partida aconteceu no Rio de Janeiro, dentro do Instituto de Investigação, após um policial papiloscopista verificar coincidências em alguns dados de registros de identidades recentes de pessoas mais velhas, e com os mesmos dados de residência, quase todos com ascendência síria. A partir desse alerta do policial, começamos a examinar os documentos de origem que geraram os RGs, e aí chegamos ao cartório."

A delegada conta que as fraudes aconteciam entre os anos de 2012 e 2014 nos livros de registros de nascimento e nas certidões de nascimento do cartório em que trabalhavam os criminosos procurados. Os documentos apontavam que os cidadãos legalizados pela quadrilha nasceram no Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 1970.

Delegacia móvel da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. - Sputnik Brasil
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Polícia Civil do Rio de Janeiro identifica quadrilha que “abrasileirava” sírios
'Quando a gente chega ao cartório, verifica que nos livros aos quais nós tivemos acesso conseguimos achar 72 registros de nascimento de cidadãos nascidos no final da década de 1960 e início da década de 1970 com ascendência síria, com pai e mães sírios, que só solicitaram a primeira identificação no Brasil entre o ano de 2012 e o ano de 2015. Dos 72 cidadãos, 52 obtiveram no Detran do Rio de Janeiro carteira de identidade, o primeiro registro civil. Com a certidão de nascimento emitida pelo cartório, que era um documento legal, apesar de os dados serem falsos, a pessoa estava habilitada a qualquer ato da vida civil, podendo prosseguir buscando todo o resto da sua documentação."

De acordo com as investigações, Jorge Luiz da Silva Motta, que era funcionário do cartório onde eram feitas as falsificações, retirava as folhas dos livros e entregava para David dos Santos Guido, ex-funcionário do estabelecimento, demitido há 15 anos. Guido então fazia o registro dos sírios como brasileiros. Ele foi o responsável, na década de 1970, pela lavratura dos livros do cartório. Em seguida, Guido devolvia as folhas para Jorge Luiz, que as recolocava nos livros do cartório. "Quando periciamos os livros, nós verificamos que realmente eram todos falsos, muitos grosseiramente falsificados."

A grande questão que ainda é um mistério e fator de novas investigações por parte de outros órgãos de segurança do Brasil e até internacionais é o fato de que a maior parte dos favorecidos com documentos com cidadania falsa brasileira não tinha perfil de refugiado, mas, sim, são pessoas com alto poder aquisitivo. E muitos que conseguiram passaportes brasileiros ostentam nas redes sociais viagens internacionais com passagens por Paris, Nova York e Londres, usando os passaportes ilegais.

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"O que a gente pode perceber da análise do perfil desse grupo de pessoas, que divulgam em redes sociais, é que são católicos, demostram ter fé católica, apoiam o regime de Bashar Assad e têm altos rendimentos. São pessoas de classe A. São donos de empresas de navegação, de aviação, há pessoas de todos os ramos. Qual era a facilidade que se buscava, exatamente a gente não sabe. Uma possibilidade é um plano B, se cair o regime e eles tiverem que sair da Síria para não perder tudo. Esses sírios não são fugitivos. Eles obtiveram os documentos e apenas voltaram para a Síria. Não demostram ter nenhuma conexão com o islamismo, exceto algumas postagens falando das Torres Gêmeas, em Nova York, e de Hitler."

De fato, um dado confirmado pela Delegada Andrea Menezes é de que muitos compartilham em redes sociais textos defendendo atos terroristas ou mostrando simpatia pelo nazismo, como a esposa de Ali Kamel Issmael, que foi presa. A delegada explica que Ali Kamel era o elo de conexão da Síria com o Rio de Janeiro. Ele tinha contato com um advogado na Síria, responsável por enviar as pessoas para o Brasil a fim de obter essa documentação.

Em face dos últimos ataques terroristas no mundo, e de o Brasil estar num Ano Olímpico, Andrea Menezes diz que espera que os órgãos de Segurança Nacional estejam em alerta. De acordo com a delegada de Defraudações, o próximo passo da Polícia carioca é conseguir prender os três acusados que estão foragidos. Eles vão responder por formação de quadrilha e falsidade ideológica, podendo pegar até 8 anos de prisão aqui no Brasil.

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