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Atentado ao ‘Charlie Hebdo’ completa um ano

© Sputnik / Maxim BlinovSolidariedade às vítimas do massacre do Charlie Hebdo
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Nesta quinta-feira, 7, o mundo relembra os 12 meses do atentado ao semanário francês “Charlie Hebdo”, em Paris, que deixou um saldo de 12 mortos e 11 feridos. O ataque, perpetrado pelos irmãos Said e Chérif Kouachi em nome de uma facção da Al-Qaeda, gerou uma onda mundial de protestos e indignação.

Para falar dessa data, o caricaturista, escultor e roteirista Ique faz um balanço do legado dessa tragédia. Para Ique – um veterano com mais de 25 anos de jornalismo, dois Prêmios Esso e passagens pelos maiores jornais e revistas do Brasil –, o atentado na sede do Charlie Hebdo não tentou apenas golpear a liberdade de imprensa e a democracia e o que isso significa para os franceses como povo e nação.

"O maior legado que o atentado deixou foi despertar a resistência e a força do trabalho dos cartunistas, missão que não pode ser abandonada. No instante em que o mundo ceder a esse tipo de opressão, esses terroristas terão vencido e dado um passo largo para transformar nossas vidas em um verdadeiro inferno."

Segundo Ique, os cartunistas são os únicos resistentes e que continuam colocando suas vidas em risco em nome do humor, da liberdade de expressão e da luta internacional contra o terrorismo.

"Contra a vida humana nenhuma justificativa é válida. Se eles acham que a imagem do profeta Maomé não pode ser profanada daquela maneira, eles que tomem atitudes civilizadas. Não julgo que as charges são um desrespeito. Quando você torna público uma determinada religião, uma atividade política, através de uma charge, você está sujeito a críticas e adesões. O chargista político está ali justamente para apontar e criticar os erros, para que a sociedade possa levar esses assuntos à mesa e em um debate civilizado evoluir, como o mundo vem evoluindo nos últimos anos. Só a questão com os terroristas não evolui, porque eles são absolutamente radicais."

Ique faz também uma analogia do trabalho dos cartunistas no Brasil e no exterior.

"O terrorismo lá fora é um inimigo conhecido. Embora ele venha de surpresa, você sabe quem é o seu inimigo. Não é o que se vê aqui, nem no Brasil, nem em outros países onde há um radicalismo velado. Aqui só não recebemos os tiros que receberam os cartunistas do ‘Charlie Hebdo’, mas as ameaças são igualmente violentas. O cartunismo está acabando porque as democracias precisam mudar. Quando você tem uma imprensa que é comandada por algum segmento ou que tem medo de se manifestar, se autocensura e se programa para atender a algum lado, você começa a colocar uma bomba embaixo da estrutura da democracia."

Segundo Ique, os cartunistas do “Charlie Hebdo” estão isolados:

"Os poucos que estavam próximos correram, só eles permanecem. Na Europa e particularmente na França, há uma longa tradição de luta e que não deixa essas pessoas se abaterem. No Brasil é preciso que esse exemplo seja seguido. Aqui, os modelos de negócio mudaram, mas ainda não no jornalismo. Precisamos voltar a ter um jornalismo com força como sempre tivemos, como aprendi no ‘Jornal do Brasil’, a maior escola de jornalismo deste país. Tenho muita saudade daquela redação onde fazia minhas charges, pelas quais também às vezes também recebia ameaças."

Longe de se esgotar na data de 7 de janeiro, a polêmica sobre o atentado ganhou novo impulso nesta quarta-feira, quando o jornal “Osservatore Romano”, porta-voz do Vaticano, publicou um artigo com críticas à capa da edição especial que o “Charlie Hebdo” preparou sobre os 12 meses do ataque. A ilustração da capa do semanário traz um desenho de Deus ensanguentado, portando um fuzil automático, com a frase "Um ano depois, os assassinos continuam soltos".

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