Depois de ser desde 2010 a porta de entrada da imigração e de já ter recebido cerca de 50 mil pessoas, especialmente haitianos, senegaleses e dominicanos, o Acre está deixando de ser a referência para os imigrantes no país. No último ano, foi registrada uma queda de 96% no número de imigrantes que chegaram ao Brasil através daquele Estado.
Na capital, Rio Branco, o abrigo por onde passaram milhares de imigrantes está praticamente vazio, acolhendo atualmente, apenas 10 estrangeiros no local.
Os imigrantes haitianos passaram a chegar ao Brasil pelo Acre, após um forte terremoto que atingiu o Haiti em 2010, matando mais de 300 mil pessoas, além de devastar parte do país.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nílson Mourão, explica que entre as causas que levaram a essa queda na procura do Estado pelos imigrantes estão a ampliação da emissão de vistos nas embaixadas em Porto Príncipe (Haiti), em Quito (Equador) e em Lima (Peru), além da queda de ofertas de empregos no Brasil:
“Existem três fatores importantes que contam nesse procedimento. O primeiro foi a ação do Governo Federal em Porto Príncipe, que agilizou os serviços de vistos para os imigrantes que buscarem vir para o Brasil. O segundo elemento é a política do Equador em relação aos imigrantes. Eles estão tomando novas decisões, que criam dificuldades para quem chega de modo irregular. E o terceiro naturalmente é a baixa oferta de empregos no Brasil – então, eles evitam vir.”
Com a ampliação da emissão de vistos nas embaixadas brasileiras, o Ministério da Justiça tinha como um dos objetivos combater a atuação de organizações criminosas, dos chamados de coiotes, que exploram os imigrantes em rotas clandestinas.
Agora, para entrar de forma legal no Brasil, o imigrante retira o visto em Porto Príncipe e consegue chegar de forma segura, por via área, diretamente ao Brasil, por um custo, segundo o secretário Nílson Mourão, em torno de US$ 2 mil. Mourão alerta que as quadrilhas estão se enfraquecendo, pois ninguém mais quer pagar mais caro para correr riscos, sabendo que com o visto em mãos a viagem tem mais segurança e dura apenas três horas.
Através das quadrilhas de coiotes, os haitianos, além de fazerem uma viagem em condições desumanas por até duas semanas em uma rota ilegal e muitas vezes perigosa, chegam a gastar até US$ 5 mil. Eles saíam do Haiti em direção à República Dominicana e depois, de avião, seguiam até o Equador. A partir daí, por terra, cruzavam a fronteira e entravam no Peru, para só depois chegar às cidades de Assis Brasil e Brasileia, no Acre, em território brasileiro.