EUA têm direito de acusar Paquistão de cumplicidade com o terrorismo?

© REUTERS / Faisal MahmoodParada Militar em Islamabad, em 23 de março de 2015
Parada Militar em Islamabad, em 23 de março de 2015 - Sputnik Brasil
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O Paquistão e o Afeganistão “podem tornar-se locais seguros para novos grupos terroristas”. Tal prognóstico foi dado pelo presidente dos EUA Barack Obama durante o seu discurso à Nação perante o Congresso.

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O descontentamento do líder norte-americano foi provocado pelos resultados insatisfatórios, (do ponto de vista dele) da luta de Islamabad contras os jihadismo e o radicalismo islâmico. Porém, o próprio Paquistão é alvo de numerosos ataques terroristas e conduz operações militantes de grande escala contra militantes em áreas fronteiriças com o Afeganistão e há muito tempo, se pudesse, acabaria com a ameaça terrorista, sublinha Vladimir Sotnikov, especialista do Instituto da Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia.

“Na verdade agora o Paquistão está em uma situação desesperada. Com o aparecimento de militantes do Daesh no Afeganistão, a situação torna-se ainda mais aguda. O governo em Cabul não controla o que acontece no norte do país. Os militantes penetram do Afeganistão ao Paquistão e, quaisquer que sejam as operações do exército, os paquistaneses simplesmente não conseguem lidar com a tarefa de liquidação da ameaça terrorista”. 

Enquanto isso, dentro do Paquistão o descontentamento e a desconfiança em relação aos EUA aumentam. Washington, tendo prometido ao país ajuda técnico-militar e financeira na luta contra o terrorismo, parece não se apressar a cumprir a promessa.

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O escândalo do fornecimento ao Paquistão de oito caças norte-americanos F-16 é também muito caraterístico. 

O Paquistão já tinha pago há muito tempo por este contrato militar, mas continua sem os caças.

Talvez por esta mesma razão entre os paquistaneses ganha força a opinião de que os EUA traem sistematicamente os seus aliados e privam o Paquistão da possibilidade de se desenvolver. Especialmente tendo em conta que os EUA ligam a prestação de ajuda com a necessidade da sua presença militar na região, nota Vladimir Sotnikov:

“Os americanos pediram muitas vezes nos anos passados ao governo paquistanês para instalar no território do Paquistão tropas americanas. Trata-se primeiramente de tropas especiais. Não deixa de ser uma violação da soberania do Paquistão”.

O tratamento do Paquistão por parte dos EUA como uma espécie de Estado-pária que alegadamente não quer vencer o islamismo radical, segundo a opinião do especialista russo, nos leva a colocar uma questão lógica. Será que os EUA realmente fazem tudo o possível para lutar efetivamente contra o jihadismo e o Islã radical? Ou eles simplesmente usam os slogans de luta contra a ameaça de terrorismo como pretexto para fortalecerem e expandirem a sua presença militar no Oriente Médio e Ásia do Sul?

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