A energia eólica é um exemplo. No ano passado, o segmento cresceu 114% em relação a 2015, com a capacidade instalada dessas usinas subindo para 6.183 MW. Esse total, porém, corresponde a apenas 1,4% da matriz energética brasileira, ainda dominada pelas usinas hidrelétricas.
Para o especialista Rafael Herzberg, sócio da Interact Consultoria Energia, os consumidores brasileiros, seja da indústria, do comércio ou residenciais, ainda continuam na dependência das oscilações de mercado e preços causadas pela variação do regime de chuvas e da capacidade dos reservatórios que, ao longo dos últimos anos, tem ficado aquém da capacidade de atender à crescente demanda.
"As fontes hídricas, que respondem por 75% do suprimento da demanda nacional, não serão suplantadas a médio prazo por outras fontes como a eólica, do gás, biomassa e mesmo da energia solar. O Brasil vive hoje uma situação muito delicada pois, nos últimos 10 anos, o governo não sinaliza de modo claro quais são as prioridades de incentivo às fontes alternativas. O resultado é o adiamento de investimentos e a dificuldade na obtenção de crédito por parte das empresas", diz Herzberg.
Segundo o consultor, o Brasil ainda enfrenta vários obstáculos para atração dos investimentos devido a alternativas mais atraentes de investimento em outros países, o excesso de regulação do mercado, dificuldades de financiamento e inclusão de encargos obscuros nas contas de energia, principalmente para os estrangeiros, o que encarece as tarifas.
"Em várias consultorias que prestamos, quando os investidores estrangeiros montam projetos, eles parecem calcular taxas de retorno de 8% a 9% ao ano, quando, na verdade, são embutidos percentuais de até 20% diante da existência de diversos riscos, como de mudança de legislação, depreciação cambial, entre outras."
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dão conta que desde 2008 já foram investidos pouco mais de R$ 1,2 bilhão em projetos de energia alternativa no país, incluindo aí usinas térmicas e também de fontes renováveis. Hoje o Brasil tem cerca de 4.100 empresas de energia em operação, com 140,6 milhões de KW de capacidade instalada.