Opinião: Putin faz mais pelos judeus do que a Europa

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Na terça-feira (19), durante um encontro com representantes do Congresso Judaico Europeu, o presidente russo Vladimir Putin, comentando a situação de um crescente anti-semitismo na Europa, ofereceu aos judeus que se sentem inseguros na Europa a se mudarem para a Rússia.

Entrevistado pela Sputnik, o escritor franco-judeu, jornalista e ativista de direitos humanos Marek Halter acredita que as constantes acusações feitas pelo Ocidente à Rússia e ao seu presidente Vladimir Putin, relativas ao desrespeito a outros povos e minorias étnicas, são infundadas e caluniosas.

Ele defendeu o fato de que muitos países, incluindo a França, adoram dar lições de moral a Putin, enquanto ignoram os próprios erros e contradições.

“Dizem, por exemplo, que na Rússia os pequenos povos são tratados com desrespeito… mas é na França que os judeus têm medo de usar quipá, apesar dos ensinamentos de nosso ministro Laurent Fabius” – explicou Halter.

A mesma opinião foi expressa à Sputnik por Serge Rozen, Presidente do Comitê de Coordenação de Organizações Judaicas na Bélgica.

Segundo ele, paradoxalmente, os judeus estão se dando conta de que, provavelmente, agora eles vivem uma situação de segurança maior em países do Leste do que do Oeste da Europa.

“Podemos falar na existência de anti-semitismo nos países do Leste Europeu, mas vocês não verão soldados protegendo sinagogas em Moscou, como acontece em Paris ou Bruxelas” – defende Rozen.

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Marek Halter falou na existência na Rússia de uma subdivisão federal chamada de Região Autônoma Judaica, que tem por capital a cidade de Birobidjan. Nas suas palavras, trata-se da única região do mundo, além de Israel, onde existem escolas judaicas, onde há um teatro iídiche e onde os nomes das ruas são escritos em russo e iídiche. “Pode parecer piada, mas Putin tem razão quando lembra aos judeus sobre as possibilidades que não são usadas por eles” – Halter.

“Eu cheguei até a escrever um artigo (…) lembrando que os israelenses poderiam inaugurar [em Birobidjan] uma zona ofshore: é possível fazer negócios lá, é um mundo totalmente diferente – próximo da Coreia, China, Índia… Se os judeus de Birobidjan encontrassem problemas, eles poderiam pedir ajuda aos judeus do Japão…” – acredita o escritor e jornalista franco-judaico.

Ele explicou que, apesar de estar atraindo cada vez mais turistas, a região é apresenta muitas oportunidades e ainda é muito pouco aproveitada do ponto de vista econômico.

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A Região Autônoma Judaica foi criada na União Soviética em 1934 como Distrito Nacional Judaico, como resultado da política nacionalista de Josef Stalin, que designou à população judaica da Rússia seu próprio território, para que esta pudesse preservar seu patrimônio cultural iídiche dentro de uma estrutura socialista.

Apesar do nome, atualmente apenas 1,2% da população de 190 400 habitantes é formada por judeus; 90% é formada por russos e o restante por ucranianos e chineses.

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