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Especialista: redes sociais têm influenciado crescimento dos blocos de rua no Rio

ENTREVISTA COM BRUNO FILIPPO
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A Secretaria Municipal de Turismo do Rio de Janeiro espera que o Carnaval de rua deste ano atraia mais de 1 milhão de turistas, injetando cerca de R$ 3 bilhões na economia da cidade.

Em 2016, 505 blocos foram autorizados a desfilar pela Prefeitura em todas as regiões do Rio, 49 a mais do que no ano passado, fazendo a folia pelas ruas da cidade até o dia 14 de fevereiro.

Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, o jornalista, sociólogo e pesquisador de carnaval Bruno Filippo analisou como um dos fortes fatores de retomada e crescimento dos blocos a era tecnológica, com os jovens se organizando nas redes sociais para aproveitar melhor os dias de folia pela cidade, festejando o carnaval de uma forma mais descontraída e espontânea nas ruas do que em desfiles de escolas de samba.

“É, em primeiro lugar, uma nova geração de foliões, que não se interessam muito pelas escolas de samba. Em geral, esses blocos se concentram na zona sul e no centro, com um público muito específico. As mudanças tecnológicas da comunicação acabaram por interferir na organização do carnaval de rua. Hoje há blocos temáticos em homenagem a cantores como Michael Jackson e Beatles, que foram organizados por pessoas que não são tradicionais do samba e do universo do carnaval e que arregimentam um grande público através das redes sociais”.

Segundo Filippo, essa nova geração, que é informatizada, que se comunica através das redes sociais, que tem um padrão estético muito bem delimitado, muito ligado à cultura pop e às músicas internacionais, também quer brincar o carnaval e vem encontrando nos blocos um canal de expressão.

Ao analisar o carnaval com as dificuldades na economia brasileira e o debate sobre se deve ou não ter a folia em momentos de crise, já que em muitas cidades do país o carnaval foi suspenso e a verba foi direcionada para outros setores como saúde e educação, o sociólogo afirma que a crise econômica afeta sim, pois o carnaval não é algo que está separado da sociedade. No entanto, ele não acredita que isso prejudicará a folia carioca ou de outras grandes cidades brasileiras.

“Uma coisa é uma cidadezinha do interior que não vive do carnaval e da indústria do turismo, e que nesta época do ano depende do recurso público para poder colocar um carnaval na rua, que é um carnaval meramente para agradar a sua população. Outra coisa é uma cidade conhecida internacionalmente como uma cidade que faz um carnaval relevante. A Prefeitura espera que R$ 3 bilhões sejam injetados no Rio de Janeiro, então, não faz sentido que o Rio não tenha carnaval”.

Para o especialista, se por ventura a folia fosse um dia cancelada, isso certamente agravaria a crise, pois essa indústria também deixaria de ganhar.

“É a velha e famosa frase do físico alemão Albert Einstein, que diz que a crise é momento de oportunidade. Para quem trabalha com o carnaval, é o momento de faturar mais, e de conseguir com isso angariar mais recursos e atrair mais turistas e mais pessoas que gostam e querem brincar o carnaval”.

Mesmo com a crise, o pesquisador afirma que o carnaval brasileiro continua tendo o destaque de ser um dos maiores eventos da Terra.

“Continua com seu prestígio, sim. Para se ter uma ideia, nos dois dias dos desfiles das escolas de samba do grupo especial na Marquês de Sapucaí, nós teremos, segundo a Prefeitura, cerca de onze transatlânticos aportados no Porto do Rio de Janeiro. Isso demonstra que o carnaval do Rio é ainda um evento com uma visibilidade internacional, mais especificamente, os desfiles das escolas de samba. E essa explosão do carnaval de rua também complementa essa atratividade internacional do carnaval do Rio de Janeiro. Já tem turistas que costumam chegar antes para poder brincar nas ruas”.

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