O preço do gás caiu sensivelmente seguindo a desvalorização do petróleo, e já não cobre mais os gastos com a sua liquefação e o seu transporte através do mundo. Além disso, a demanda asiática por gás revelou-se menos crescente do que o esperado. O Japão conseguiu suprir sua carência por fontes de energia após a tragédia de Fukushima, enquanto a economia chinesa está arrefecendo. Além disso, a China dispõe de muitas opções para suprir sua demanda por gás, inclusive graças a novos contratos com a Rússia.
Nessas condições, a única alternativa viável para as empresas dos EUA será a Europa, mas mesmo lá nem tudo é tão simples como parece, escreve Foreign Policy. E publicação explica que os terminais europeus capazes de receber gás natural liquefeito existem apenas na Europa Ocidental, sendo necessária a construção de novos gasodutos para alimentar a Europa do Leste com esse tipo de gás.
"O novo fluxo de gás dos EUA pode ter resultados paradoxais e reforçar, ao invés de reduzir, a dependência europeia da Rússia. O relativamente barato gás russo é tão atrativo, que já provocou uma cisão na Europa – por exemplo, a Alemanha busca construir novos gasodutos e está contando muito mais com o gás russo por motivos comerciais, apesar das constantes críticas de Bruxelas sobre a necessidade de encontrar fornecedores alternativos" – explica o artigo.
Na opinião do autor, contrariando a vontade de Bruxelas, a Gazprom (empresa estatal de gás da Rússia) conseguirá manter sua liderança por muitas décadas na Europa, caso consiga se adaptar às circunstâncias, baixando os preços e alterando a forma de tratar os negócios no continente.