A compra dos novos Igla-S esteve na pauta da visita que a presidente Dilma Rousseff fez a Moscou em dezembro de 2012, que foi seguida por uma missão de alto nível do comando do Estado-Maior das Forças Armadas junto às autoridades russas e aos fabricantes do equipamento. A decisão pela compra foi tomada no ano passado.
O jornalista especializado em assuntos militares e editor da coluna Insider, Roberto Lopes, elogia a compra dos Igla-S, afirmando que o reaparelhamento da defesa aérea é uma das prioridades do Exército Brasileiro. Segundo ele, o Brasil está comprando diversos sistemas, entre eles o autopropulsado Guepard de fabricação alemã.
“O problema é que o Exército não possui mísseis para longa distância. Onde o Exército Brasileiro está mais bem servido, com o Igla, é justamente na curta distância. Esse equipamento é muito importante e prioritário, porque vai atender aos projetos de reorganização da defesa aérea. Prova de que o Igla é muito bem aceito pelos militares brasileiros é o fato de que ele também está na Força Aérea para defender suas instalações.”
Embora tenha grande mobilidade operacional, podendo servir em operações na Amazônia e nas zonas de fronteira, os mísseis Igla-S não se prestarão, no Brasil, ao abate de aeronaves ligadas ao narcotráfico. “Não faz parte da doutrina brasileira abater aviões supostamente pertencentes ao narcotráfico por meio de artilharia antiaérea. A FAB tem essa autorização, após abordagem e negativa de pouso do avião contactado.”
“Além disso, as negociações começaram às vésperas da crise econômica que o Brasil ainda enfrenta. Tudo que dizia respeito à importação de equipamento militar ficou subordinado à disponibilidade de verba. O problema com os Pantsir S-1 não é a tecnologia e, sim, recursos.” Lopes acredita que, por tudo isso, o Brasil deva adquirir uma pequena quantidade de veículos. Quanto à transferência de tecnologia, acenada pelo governo e pelo fabricante russos, ela deve ser limitada à fabricação de apenas alguns componentes. “O importante é que ele (o sistema) venha e o Exército Brasileiro consiga desenvolver uma doutrina de emprego.”
O sistema Pantsir S-1 não tem equivalente no mercado ocidental. Ele pode ser disparado enquanto protege colunas em deslocamento, uma vez que os veículos utilizam radares de gestão de tiro com alcance superior a 30 quilômetros. Em posição defensiva, uma bateria pode ser instalada em menos de dez minutos.
Os lançadores são controlados por uma unidade de tiro alimentada por dois radares com alcance superior a 80 quilômetros. O sistema é capaz de acompanhar 40 alvos e cada lançador pode acoplar quatro alvos por vez, identificados por laser. Cada lançador dispõe de 12 mísseis, dois canhões de 30 mm com capacidade para atingir aviões, mísseis de cruzeiro, munições guiadas, entre outros alvos. O baixo custo e a simplicidade do míssil é uma das vantagens do sistema, permitindo – ao contrário dos concorrentes ocidentais – armazenamento por longos períodos sem cuidados especiais.