Segundo o Ministério da Saúde, estão previstos investimentos brasileiros de US$ 1,9 milhão para os próximos cinco anos na parceria com os Estados Unidos e o Instituto Evandro Chagas, que, assim como a Universidade do Texas, tem grande experiência no estudo de arboviroses, doenças transmitidas por vírus através da picada de mosquitos. Marcelo Castro acredita que essa experiência pode ajudar a reduzir o prazo para o desenvolvimento da vacina.
“Fizemos então essa parceria para desenvolver a vacina, que sabemos que é demorada. Mas tanto pela parte da Universidade quanto pela parte do Instituto Evandro Chagas há um grande otimismo, de que nós poderemos desenvolver essa vacina em um tempo menor do que estava previsto, e aproximadamente dentro de um ano nós poderemos ter a vacina desenvolvida, podendo ser menos. Depois de desenvolvida a vacina, vem os testes, os ensaios clínicos e a produção da vacina para poder então ser comercializada e aplicada”.
O acordo prevê ainda a organização de um comitê de coordenação que vai se reunir para analisar o progresso e os resultados alcançados no âmbito da cooperação. Está prevista também a participação de outros organismos de saúde internacional, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Marcelo Castro também falou com os jornalistas sobre a terceira morte confirmada no Brasil causada pelo vírus zika. Uma jovem, de 20 anos de idade, do Rio Grande do Norte, que ficou internada por 12 dias, em Natal, com problemas respiratórios. A morte aconteceu em abril do ano passado. Na ocasião, os médicos disseram que o motivo da morte foi por pneumonia, devido a uma infecção aguda. Mas, por ser muito jovem, novos exames foram solicitados e o Instituto Evandro Chagas confirmou agora a presença do vírus da Zika.
O Ministro da Saúde disse que já informou o caso a Organização Mundial de Saúde, mas Marcelo Castro ressaltou que o vírus da Zika pode não ter sido a única causa da morte da jovem.
“A nossa percepção, que comunicamos à Organização Mundial de Saúde, é a de que a morte foi por zika. Se foi exclusivamente, se foram outras causas (não sabemos), mas encontramos esse patógeno na pessoa que foi analisada”.
As outras duas mortes no Brasil por zika vírus ocorreram no ano passado. A primeira, em junho, mas só foi notificada em novembro. Um homem de 35 anos, de São Luís (MA). Ele tinha lúpus, doença que afeta o sistema imunológico, além de artrite reumatóide e alcoolismo. O caso, inicialmente, chegou aos médicos como suspeita de dengue, mas os exames comprovaram que se tratava de zika. A segunda morte aconteceu no final de outubro. Uma adolescente de 16 anos que morava em Benevides (PA), que apresentou dor de cabeça, náuseas e pontos vermelhos na pele.
Paralelamente à parceria com a Universidade do Texas, o Ministério da Saúde também anunciou a realização de um seminário internacional, nos dias 17 e 18, sobre novas tecnologias para combate ao Aedes Aegypti, com a presença de pesquisadores de várias partes do mundo que têm experiência no combate ao vetor para trocar ideias e analisar as ações que podem dar mais resultados.
Marcelo Castro também informou que 15 técnicos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano estão chegando ao Brasil, após acordo de parceria entre a Presidenta Dilma e o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para estudar com os cientistas brasileiros a relação entre o víruz zika e a microcefalia.
“Onde houve mais casos de zika é onde está havendo mais casos de microcefalia. Nos estados em que houve menos casos de zika é onde está tendo menos casos de microcefalia. Em estados em que não houve casos de zika é onde não está havendo casos de microcefalia. Está uma relação epidemiológica muito bem estabelecida. Além disso, há os casos comprovados laboratorialmente. O que não sabemos ainda? Esses pesquisadores americanos, com os nossos pesquisadores, vão buscar isso agora. Tem alguma outra coisa contribuindo para o aumento dos casos de microcefalia, além do vírus zika? A gente vai pesquisar, mas não há a menor dúvida de que o fator determinante da epidemia de microcefalia que nós temos no Brasil é a epidemia do vírus zika que nós estamos tendo”.
O Ministério da Saúde também ressaltou que há várias linhas de pesquisa para vacina também sendo realizadas pelo laboratório Bio Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantã, em São Paulo.
Sobre a notificação obrigatória dos pacientes com vírus zika para o governo, para facilitar o mapeamento do vírus no Brasil, que estava prevista para começar nesta semana, o ministro da Saúde disse que a medida ainda não tem data para entrar em vigor, pois é preciso primeiro que os laboratórios tenham capacidade de realizar os exames, e isso depende da distribuição dos testes sorológicos que foram importados. Marcelo Castro admitiu que houve atraso na distribuição dos kits pelo país, devido a problemas no processo de licitação. Porém, ele garantiu que a questão já está resolvida e a distribuição para todos os estados já está se normalizando. São 100 mil testes para o todo o país.
No sábado (13), será realizada uma mobilização nacional de combate ao Aedes Aegypti, com a participação de cerca de 220 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nas ruas. Os militares vão distribuir material impresso com orientações para a população sobre como acabar com os criadouros do mosquito.
A meta é visitar 3 milhões de residências. A ação será realizada em 356 municípios, incluindo todas as cidades consideradas endêmicas, de acordo com indicação do Ministério da Saúde, e as capitais do país.