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Governo brasileiro investe em novas tecnologias contra Aedes Aegypti

© Venilton Kuchler/ ANPr  / Acessar o banco de imagensAedes aegypti
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O governo brasileiro quer investir em novas tecnologias como parte do Plano Nacional de Enfrentamento ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue e do zika vírus.

Representantes do Ministério da Saúde vão se reunir, na próxima semana, com especialistas de todo o mundo para discutir a eficácia de novas técnicas, como, por exemplo, a radiação e esterilização nuclear e mosquitos geneticamente modificados para combater o Aedes.

A firefighter shows Aedes aegypti mosquito larvae in the neighborhood of Curicica, in Rio de Janeiro, Thursday, March 27, 2008. - Sputnik Brasil
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O Diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, tranquiliza a população no caso da experiência de expor mosquitos a radiação para que eles fiquem estéreis. Segundo Maierovitch, embora haja o uso da energia nuclear, a técnica não causa riscos à saúde.

“Na tecnologia que utiliza mosquitos irradiados, quem é exposto a radiação é o mosquito. Essa tecnologia faz com que os mosquitos sejam estéreis, eles não são capazes de produzir novos mosquitos. No entanto, eles têm a sua atividade normal, e eles competem com os mosquitos selvagens, de forma que eles cruzam com as fêmeas mas não surgem novos mosquitos deste cruzamento. Não há qualquer utilização de irradiação fora da fábrica de mosquitos”.

Maierovitch também comentou outra proposta que está sendo avaliada, que é o estudo feito pela Fiocruz, Fundação Oswaldo Cruz, com uma universidade australiana, de introdução de uma bactéria no mosquito, bloqueando a capacidade de ele transmitir o vírus da dengue.

“A Fundação Oswaldo Cruz participa de um estudo hoje que contamina mosquitos com uma bactéria que existe naturalmente na natureza, que é uma bactéria chamada Wolbachia. Os mosquitos infectados com a Wolbachia não desenvolvem a infecção com os vírus, ou seja, eles existem normalmente, no entanto, deixam de transmitir os vírus”.

Outra arma testada no Brasil é o uso de mosquitos geneticamente modificados. A técnica já foi colocada em prática nas cidades de Jacobina, na Bahia, e em Piracicaba, em São Paulo, e tiveram resultados promissores. Na Bahia, as populações do Aedes Aegypti reduziram em mais de 90%.

Cláudio Maierovitch explica que, nessa experiência, os mosquitos machos estéreis são soltos no ambiente e buscam fêmeas selvagens para fecundação, mas as larvas decorrentes dessa fecundação não chegam à fase adulta. 

“É o mosquito que tem uma modificação genética, de forma que ele é espalhado no meio ambiente, numa quantidade grande. Esse mosquito cruza com o mosquito fêmea e, no entanto, os ovos são colocados e as larvas são inviáveis. Não nascem mosquitos adultos descendentes desses mosquitos modificados geneticamente”.

Como as novas técnicas nunca foram utilizadas em grande escala pelo Brasil, Maierovitch alerta que as tecnologias devem ser usadas em conjunto com as antigas medidas, como acabar com o acúmulo de água parada, evitando focos de proliferação do mosquito.

Neste sábado (13), o governo promove o Dia D de Combate Nacional ao Aedes, que vai acontecer simultaneamente em 353 municípios de todo o Brasil, com a participação de 220 militares das Forças Armadas, numa ação de conscientização da população brasileira sobre como se prevenir e eliminar focos do mosquito transmissor da zika, da dengue e da febre chikungunya. Três milhões de famílias deverão receber a visita dos agentes.

A mobilização das Forças Armadas no combate aos focos do Aedes Aegypti vai acontecer em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Os quatro estados da região Sudeste do país vão receber o maior contingente, 104,4 mil militares, sendo 71 mil apenas no Rio de Janeiro. Na região Norte, serão 28,3 mil militares, sendo 12 mil no estado do Amazonas. No Nordeste do país, serão 28,6 mil. O estado de Pernambuco receberá o maior número, 9 mil. Para o Centro-Oeste estão previstos 35 mil homens da Marinha, Exército e Aeronáutica. Desses, 18 mil deverão ir para o Distrito Federal. Já na região Sul do país, serão 18,3 mil integrantes das Forças Armadas, com o estado do Rio Grande do Sul recebendo o maior contingente, 18 mil militares.

Em coletiva à imprensa, o Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, anunciou os detalhes do dia da mobilização nacional do combate ao mosquito, chamando a atenção para a participação fundamental da população.

“A etapa do dia 13 é para mobilizar a população, porque alguns chegam a falar que até 3/5 dos casos da doença provocada pelo mosquito tem origem dentro da casa das pessoas. Não adianta apenas o poder público se encarregar de limpar as áreas públicas, sejam imóveis, praças e logradouros públicos. Se não houver uma mobilização da população, que permanentemente remova de dentro das casas os focos de multiplicação dos mosquitos, essa campanha não tem como ser vitoriosa”.

Ainda no encontro com a imprensa, o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Adriano Pereira Júnior, também chamou a atenção para a continuidade da prevenção por parte dos brasileiros após a mobilização nacional deste sábado (13). Ele explicou que os agentes têm como missão visitar 100% dos imóveis num prazo de 30 dias.

“É necessário que o Brasil reduza o nível de infestação para menos de 1% por cada 100 imóveis visitados, que é o nível considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E todos têm que estar engajados nessa luta, não só conhecendo, mas principalmente executando as tarefas. Uma vez por semana, limpe a sua casa, veja se não há um criadouro propício. Mas tem que ser semanal, porque é o ciclo do mosquito. Não adianta eu fazer na primeira semana e depois passar três semanas sem fazer nada, pois poderá aparecer um foco e nascerem três gerações do mosquito, uma a cada sete dias".

Os ministros do governo federal também vão participar, neste sábado, da grande mobilização contra o mosquito, visitando as residências junto com os secretários-executivos e presidentes de estatais. A ordem foi dada pela própria presidenta Dilma Rousseff, que vai acompanhar toda a ação do Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos 2016.

Nesta sexta-feira (12), o prefeito do Rio, Eduardo Paes, apresentou obras de adequação do Parque Aquático Maria Lenk, na Zona Oeste da cidade, que será palco de competições de saltos ornamentais e nado sincronizado durante as Olimpíadas. Ele foi questionado pela imprensa sobre o vírus da zika, que tem sido preocupação por parte dos atletas e da imprensa internacional, e sobre a declaração dada pela goleira da equipe feminina de futebol dos Estados Unidos, Hope Solo, que afirmou para a revista Sports Illustrates que não participaria dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro se a competição fosse realizada hoje, por conta da epidemia de zika no Brasil.

“Eu não quero minimizar aqui o vírus da zika, porque eu acho que é um problema do Brasil, não acho que é um problema olímpico. Temos primeiro um fato que é o desconhecimento em relação ao vírus da zika, mas temos muito mais casos de dengue do que da zika. O segundo ponto importante que tem que se destacar sempre é o seguinte: você tem o período da Olimpíada, que é um período em que o mosquito transmissor não está se procriando, não está no ambiente. Cabe dar as explicações devidas, tomar as precauções devidas, mostrar que nós estamos fazendo de tudo para evitar qualquer perigo de que qualquer atleta que venha, de que qualquer visitante que venha ao Rio e ao Brasil tenha esse problema com o vírus da zika. Mas eu acho que há um certo exagero. Morre muito mais gente de gripe todo ano do que por dengue, muito mais ainda do que pelo vírus da zika”.

Paes ressaltou ainda a vinda de turistas para o carnaval, quando, de acordo com ele, mesmo com a cidade cheia, não houve relatos de visitantes contraindo a doença.

Além dos casos investigados de microcefalia associada ao zika no Brasil, 4.783 casos suspeitos, os números da dengue também causam preocupação. De acordo com o Ministério da Saúde, só nas três primeiras semanas de 2016, a quantidade de casos suspeitos de dengue chegou a 73.872 notificações no país, o equivalente a um crescimento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 49.857 casos.

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