O chefe do governo russo lembrou que em dezembro de 2013 — há pouco mais de dois anos — o gabinete de ministros da Rússia investiu três bilhões de dólares em valores na Ucrânia. O dinheiro investido fazia parte do Fundo de Bem-Estar Nacional da Federação da Rússia. "É um montante considerável, e nós rejeitamos categoricamente a posição das autoridades de Kiev, que sugerem reestruturar esta dívida, sobre bases comuns, com proprietários comerciais das obrigações europeias", disse Medvedev.
"Não adianta discutir, as dívidas têm que ser pagas", ressaltou o primeiro-ministro.
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— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) 12 февраля 2016
'É um fato confirmado'
As autoridades ucranianas ainda não devolveram o dinheiro assim emprestado. Portanto, é uma dívida, considera o chefe do Gabinete, alegando instituições internacionalmente reconhecidas como testemunhas.
"Até o Fundo Monetário Internacional [FMI] reconheceu que essa é uma dívida soberana. E é, por assim dizer, um fato confirmado", frisou Dmitry Medvedev.
O prazo de pagamento expirou em dezembro de 2015, justamente dois anos depois do empréstimo. Desde agosto, as autoridades ucranianas começaram a fazer declarações no sentido de que não iam pagar e mesmo assim, evitariam o default. Em dezembro, a ministra das Finanças ucraniana, Natalia Jaresko, não descartou a possibilidade de um default soberano, insistindo que o país estava preparado "para qualquer opção".
Já para Dmitry Medvedev, a Ucrânia já teve default, sem ter saído desta situação até o momento.
Segundo ele, este fato implica o direito da Federação da Rússia lançar ações jurídicas para obter o seu dinheiro de volta. Porém, Kiev ainda tem tempo de recuar e começar a colaborar com Moscou na busca de uma solução, disse Medvedev.
As autoridades russas já propuseram à Ucrânia a possibilidade de parcelar a dívida e pagar um bilhão de dólares anualmente, começando em 2016 e terminando em 2018. Com garantias "ou dos EUA, ou da União Europeia, ou de um banco internacional importante, porque tais concessões por parte da Rússia significam riscos adicionais para nós", frisa o primeiro-ministro.
Porém, os EUA recusaram formalmente esta proposta russa e a UE e o FMI não responderam nada. Contudo, lembrou Medvedev, o FMI alterou, para a Ucrânia, a sua normativa que impedia a concessão de créditos a países em falência.
Recentemente, Moscou recebeu uma proposta da Alemanha, concordada por Berlim com Kiev. Dmitry Medvedev considera a proposta como "inaceitável", por as condições serem muito pouco vantajosas. Mas não deixou de agradecer os "parceiros alemães" pela iniciativa, "que testemunha a seriedade dos nossos argumentos neste assunto".