Menos pessoal e mais operações financeiras: Citigroup abandona Argentina

© AFP 2023 / JUSTIN TALLISSede do Citigroup em Londres
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O banco Citi vendeu os seus negócios minoristas de serviços bancários na Argentina para pessoas físicas. Segundo Julio Gambina, economista e professor da Universidade de Buenos Aires (UBA), a causa disso é a crise econômica no país.

O banco atua na Argentina desde 1914. Em entrevista à Sputnik Mundo, Gambina disse que "a retirada do Citi fundamenta-se na perda de rentabilidade em um tempo histórico de retração da produção, desaceleração da economia regional com tendências recessivas".

O especialista comentou também o papel que a empresa teve no processo de formação das estruturas econômicas argentinas:

"O papel do Citi na história econômica da Argentina associa-se à inserção subordinada do país na divisão internacional do trabalho. Como é de esperar, o seu interesse estava nos seus próprios negócios e nos dos seus representados de capital externo, por cima de qualquer interesse nacional de desenvolvimento".

O Citigroup, proprietário do banco Citi, é uma das organizações financeiras que usou a seu favor a vulnerabilidade argentina e especialmente a sua dívida soberana.

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"Assim, após constituir-se em um dos instrumentos do endividamento elevadíssimo, assumido pela Argentina nos anos da ditadura, nas negociações dos anos 80 e 90 se propôs como articulador e gerente da capitalização da dívida pública através de privatizações de empresas estatais", comenta Julio Gambina a este respeito.

Na noite passada, o juiz norte-americano Thomas Griesa, responsável pelo litígio entre Buenos Aires e Nova York, disse que poderá levantar o bloqueio para o pagamento da dívida reestruturada caso a Argentina revogue as leis Cerrojo e de Pago Soberano e assine, até 29 de fevereiro, um acordo com os credores que não aceitaram a reestruturação da dívida. Estas leis impedem fazer pactos com os fundos holdouts — chamados na Argentina de "fundos abutres".

Menos pessoas e mais dinheiro

A saída da Argentina testemunha, segundo o economista, que a empresa busca "menos trabalhadores para operações de maior envergadura e maior rentabilidade".

Contudo, o fim do negócio na Argentina não é o fim do negócio na região. Um comunicado do Citigroup declara que o grupo "manterá uma forte presença no Brasil, Argentina e Colômbia, já que continuará atendendo aos seus clientes corporativos e institucionais desses mercados".

Em 2014, o Citi já retirara os negócios deste tipo de 11 países, inclusive as Honduras, a Guatemala, a Nicarágua, o Panamá, a Costa Rica e o Peru.

De acordo com os dados da agência Bloomberg, o grupo dtem mais de 2.700 empregados na Argentina. O número é maior no Brasil: cerca de 6.000.

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