“Eu posso sentir o cheiro de pneus queimados. E me acreditem, será um verdadeiro terceiro Maidan [revolução] e não uma imitação como alguns dias atrás em Kiev”, disse.
Entretanto, o político apelou aos ucranianos para apoiarem as mudanças que aí vêm.
“Se os ideais da Revolução Laranja e do Euromaidan tivessem se tornado em movimento político real, a Ucrânia teria feito um progresso significativo. Para já, os ativistas que chegaram ao poder foram engolidos pelo antigo sistema político corrupto”, sublinhou Yushchenko.
Ele acrescentou que, neste momento, a Ucrânia está em estado de “semidesintegração”, enquanto as autoridades pós-Maidan não fizeram nada para o progresso.
“A Ucrânia pede adesão à OTAN, mas a resposta é ‘o tempo ainda não chegou’. É ridículo. Estou muito desiludido com os sinais que vêm dos EUA e da Europa”, concluiu.
Viktor Yushchenko chegou ao poder depois da Revolução Laranja em 2005. Esteve no cargo até 2010, quando foi sucedido por Viktor Yanukovych.
Quanto aos atuais protestos na Ucrânia, em 20 de fevereiro passado houve confrontos entre membros do movimento radical nacionalista Setor de Direita (proibido na Rússia) e a polícia na Praça de Independência em Kiev.
Entretanto, em 19 de fevereiro, o primeiro presidente da Ucrânia Leonid Kravchuk disse que a crise contínua no país “pode resultar em alguma coisa muito ruim”.
“Talvez não vá haver um novo Maidan. Talvez vá haver uma nova revolução e esta será a última revolução para a Ucrânia”, disse.
A turbulência política na Ucrânia, inclusive um governo no estado de desintegração e a crise em Donbass, era previsível, disse à edição Parlamentni Listy antigo agente do serviço da inteligência tcheca BIS, Jan Schneider.
“Quando os ucranianos compreenderem que já não possuem o seu país, irão esquecer-se da Crimeia. Têm muitos problemas domésticos para resolver”, disse.
A crise política eclodiu na Ucrânia em novembro de 2013, quando as autoridades do país anunciaram a intenção de suspender o processo de integração europeia. Os protestos que começaram em Kiev, apoiados pelo Ocidente, levaram a um golpe de Estado em 22 de fevereiro de 2014, forçando o então presidente Viktor Yanukovych a fugir do país.
Dois meses depois, Kiev lançou uma operação militar contra os independentistas no Sudeste do país, que não reconheceram a nova liderança no poder central.