A missão vai debater um plano de financiamento e cooperação dentro de um pacto bilateral de 10 anos e que pode ser apoiado por instituições como o Banco de Desenvolvimento Econômico da China. O objetivo do Governo venezuelano é diminuir, em longo prazo, a dependência do petróleo dentro da pauta de exportações do país, estimulando pesquisa e investimento em áreas como indústria petroquímica, produção farmacêutica, agronegócio, mineração, exploração florestal, construção civil, telecomunicações, informática, bancos e turismo, entre outras.
Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Carlos Prado, as atuais negociações refletem a cooperação que Venezuela e China vêm mantendo há anos.
"A China é uma parceira importante de importação de petróleo da Venezuela, além dos Estados Unidos, principal destino de exportação do petróleo venezuelano”, lembra o Professor Prado. “Este é mais um momento de encontro dos países. Não há nada que indique nenhuma diferença, nenhuma mudança de patamar de investimento da China na Venezuela, apenas a continuidade de um processo que já é um pouco antigo.”
Segundo o especialista, o principal objetivo da China é ter assegurado um compromisso confiável de fornecimento de petróleo. Em contrapartida, a Venezuela está pressionada em suas contas externas pela redução do preço do preço do petróleo no mercado internacional. Sob o ponto de vista da oportunidade, a Venezuela tenta encontrar novas fontes de financiamento.
Prado observa que a atuação internacional da China tem crescido nos últimos tempos:
"A China vem tentando se posicionar de maneira mais incisiva na economia mundial. Não só na América do Sul. Fez também investimentos importantes na África Subsaariana. Faz parte do aumento da importância da economia chinesa. A parte de expansão mais ativa da China, contudo, de certa maneira já passou. O preço das commodities agora está mais baixo, o que significa que a capacidade de retorno de alguns desses investimentos se reduz, e a própria economia chinesa, embora ainda crescendo bastante, mostra uma velocidade menor do que tinha no passado. Alguns desses projetos, que exigiam investimento maior, dificilmente serão levados adiante nesta conjuntura.”