Movimento das ruas cresce com a queda de índice de aprovação de Mauricio Macri

ENTREVISTA COM EDUARDO CRESPO
Nos siga no
Representantes de mais de 50 organizações sociais e sindicais foram para as ruas da Argentina no domingo, 6, para protestar contra o Governo do Presidente Macri.

As manifestações se seguiram à divulgação de uma pesquisa realizada pelo instituto Haime & Associados, mostrando que o índice de popularidade de Mauricio Macri, que era de 62% em dezembro, caiu para 53% em fevereiro.

A mesma pesquisa mostrou que os apoiadores do Governo, que eram 49%, agora são 44%. Já o índice de opositores, que era de 28% em dezembro, subiu para 30% em fevereiro.

Para o especialista argentino Eduardo Crespo, professor de Economia Política Internacional na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a queda de popularidade do Presidente Macri reflete o momento pelo qual a Argentina está passando, com um grande número de demissões (principalmente no setor público), o aumento da inflação, o endividamento crescente do país e a falta de perspectivas, que estão levando os argentinos a protestar.

Grafite em muro de Buenos Aires caricaturando o Juiz Thomas Griesa, que julga a questão dos Fundos Abutres em Nova York - Sputnik Brasil
Argentina pegará US$ 12 bilhões em empréstimos para pagar credores

Segundo o Professor Crespo, a situação tende a se agravar, pois, ao firmar acordo com os chamados fundos abutres para o pagamento de suas dívidas, a Argentina terá de buscar recursos financeiros no exterior, pagando juros muito elevados por esses empréstimos. 

“Mauricio Macri ganhou as eleições um pouco com a promessa de que não ia haver grandes mudanças, pelo menos negativas, que seria um Governo mais de conciliação e, principalmente, de diálogo”, comenta Eduardo Crespo. “Na primeira medida, no plano econômico, houve um aumento muito elevado nos preços dos alimentos. Junto a isso vêm os aumentos de tarifas de serviços públicos, principalmente de eletricidade. Essas medidas econômicas são bastante impopulares. A isso deveria acrescentar o tema dos despedidos da administração pública. Houve gente que perdeu o emprego, mesmo quem não tinha muito a ver com o Governo anterior mas que estava trabalhando no Estado e de repente ficou sem emprego, e além disso há medidas de caráter impopular na área da saúde, da educação, um conjunto de medidas sobre redução de gastos nos serviços fornecidos pelo Estado.”

Ainda segundo o especialista argentino, há outras medidas aparentemente de menor impacto mas que, no somatório, influenciam a opinião pública. “Por exemplo”, explica Eduardo Crespo, “um determinado tipo de tratamento dentário, que afeta 0,1% da população, ou programas como o voltado para que os adultos possam completar os estudos. Há várias coisas desse tipo que vão dando um viés bastante antipopular ao governo. A primeira medida, que foi acabar com as compras de divisas, de dólar, foram bastante bem recebidas, mas nas últimas semanas se aprofundou a desvalorização, aparentemente uma disputa entre o atual ministro da Economia, que seria mais moderado, e a turma do Banco Central, que seria uma turma mais ortodoxa e estaria reclamando da medida. Isso já está fazendo barulho dentro do próprio Governo e acaba se abatendo sobre o conjunto da população também.”

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала