Com a alta da semana passada, o valor da companhia em Bolsa aumentou US$ 11 bilhões, passando agora para US$ 30,8 bilhões. O cenário financeiro, porém, ainda é bastante difícil. Muitos analistas afirmam que, fosse uma empresa privada, a Petrobras já teria falido. A empresa acumula dívidas de US$ 128 bilhões, dos quais 84% em moeda estrangeira, e tem dívidas de US$ 24 bilhões vencendo nos próximos 24 meses.
Alguns analistas, porém, apontam melhora no humor do mercado em relação às perspectivas da companhia. O sócio da Leme Investimentos Paulo Petrassi é um dos que concordam que a reavaliação da Petrobras agora segue critérios políticos e não econômicos.
"[Essa alta] é um evento realmente político. A Petrobras foi totalmente castigada na última década com a gestão do PT”, comenta Paulo Petrassi. “Vimos diversos desvios de recursos e mau investimento. Com a expectativa do avanço das investigações da Lava Jato, chegando muito próximo do ex-Presidente Lula e da Presidenta Dilma, fica claro que o cenário de impeachment e troca de governo fica bem mais forte. O mercado se antecipa sempre, mas não há nenhum fato econômico que tenha mudado a perspectiva, a Petrobras continua endividada, com vários problemas estruturais, porém a possibilidade de troca de governo dá uma expectativa positiva no médio e no longo prazo.”
Assim como os papeis da Petrobras, nos últimos dias também as ações de estatais como Banco do Brasil e de siderúrgicas (Vale, CSN, Belgo, entre outras) têm experimentado fortes altas.
"Houve uma recuperação muito forte não só dela [Petrobras] como de estatais como Banco do Brasil. As mineradoras também recuperaram bem. A economia deve voltar com vigor com a troca do governo, se ocorrer. Se você me garantir que a Dilma fica mais três anos, a Petro (ação) pode sair de R$ 7,34 e ir lá para R$ 3, porque o endividamento dela é muito grande, o horizonte é apertado, o mercado externo também está complicado com as economias desenvolvidas crescendo menos.”
O sócio da Leme Investimentos lembra, contudo, que, mesmo no auge dos problemas, há duas semanas, a Petrobras conseguiu financiamento de US$ 10 bilhões com o China Development Bank.