A WADA proibiu o meldônio (também conhecido como mildronato; a própria WADA usa o nome meldonium) em 1 de janeiro de 2016. A respectiva informação é contida na última Lista de Substâncias Proibidas da agência, onde o meldônio é mencionado como "modulador metabólico".
A lista foi preparada em setembro de 2015.
No entanto, a droga, inicialmente produzida pela empresa letã Grindeks para tratar isquemia, teve um uso bastante amplo entre os esportistas russos. Isso provocou uma continuação do escândalo de doping relacionado ao esporte russo, que começou ainda em 2015. Em 7 de março, a WADA publicou uma série de comunicados se dizendo "preocupada" pelas "recentes alegações de doping no atletismo russo".
O caso da tenista russa Maria Sharapova, que confessou ter "perdido o momento em que o meldônio ficou proibido", mereceu a qualificação de um caso "extremamente midiatizado". A agência preferiu abster-se de comentários "para proteger a integridade do caso".
Além de Sharapova, uma série de esportistas russos, ucranianos, suecos, turcos e representantes de outros países ficaram suspendidos por mostrarem presença da substância durante as provas antidoping.
O ministro russo do Esporte, Vitaly Mutko, frisou que meldônio era uma parte habitual "em todos os vestiários" atléticos, porque ele não estava proibido até 2016. Contudo, disse ficar "surpreendido" e "desconcertado" pelo fato de que há esportistas que o usam mesmo depois da proibição.
Vale referir que o escândalo de doping pode causar a proibição a todos os atletas russos a representarem a Rússia no Rio 2016.
Esta é a opinião do chefe da comissão respectiva da WADA, Richard Pound, que insiste que nem esta agência, nem a Associação Internacional de Federações de Atletismo — IAAF — não querem "arriscar a sua reputação". Contudo, ele assegurou que as suas palavras só são uma "sugestão".
Mas quais são as causas da inclusão na lista de substâncias proibidas?
No comunicado sobre Sharapova, a WADA diz que o meldônio foi incluído na Lista de Substâncias Proibidas "porque houve evidência de que atletas o usavam com a intenção de melhorar a sua eficiência", ou seja, para aumentar artificialmente a possibilidade de vencer.
Já em uma entrevista à Sputnik, Nikolai Dolgopolov, vice-diretor do jornal Rossiyskaya Gazeta, disse que pode-se tratar de uma "política de duplos padrões", porque "os esportistas usavam o meldônio para prevenir doenças do sistema cardiovascular".
O criador letão do remédio, Ivars Kalvins, qualificou (em entrevista ao jornal russo Kommersant) a situação de "absurda", chegando a afirmar que sem meldônio, a taxa de mortalidade entre esportistas pode crescer.