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Moro divulga grampo de conversa entre Lula e Dilma em quebra de sigilo da Lava Jato

© AP Photo / Andre PennerDilma Rousseff e Luís Inácio Lula da Silva
Dilma Rousseff e Luís Inácio Lula da Silva - Sputnik Brasil
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O juiz federal Sérgio Moro retirou nesta quarta-feira (16), no âmbito da Operação Lava Jato, o sigilo de grampos telefônicos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff.

Uma das conversas entre Lula e Dilma, presentes no despacho que liberou as gravações, aconteceu na manhã de hoje, e foi divulgada já no final no dia pelas maiores mídias do país.

A seguir o conteúdo da conversa:

 

- Dilma: Alô

- Lula: Alô

- Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa.

- Lula: Fala, querida. Ahn

- Dilma: Seguinte, eu tô mandando o 'Bessias' junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!

- Lula:  Uhum. Tá bom, tá bom.

- Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.

- Lula: Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando.

- Dilma: Tá?!

- Lula: Tá bom.

- Dilma: Tchau.

- Lula: Tchau, querida.

 

Segundo informou a Agência Brasil, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, classificou de "arbitrária" a decisão de Moro, pois no momento da quebra do sigilo, Lula já havia sido nomeado ministro da Casa Civil, e o juiz não tinha mais competência sobre o caso. Nas sua opinião, a divulgação do conteúdo do grampo teve por objetivo estimular uma "convulsão social" no país, visando a queda do governo.

“Este grampo envolvendo a presidenta da República ser divulgado hoje, quando já não existe competência da Vara de Curitiba, revela uma finalidade que não é processual, revela uma finalidade que busca causar uma convulsão social, que eu repito, que não é o papel do Poder Judiciário”, disse o advogado. 

A opinião de Zanin foi parcialmente partilhada pelo Prêmio Nobel da Paz argentino, Adolfo Pérez Esquivel, que nesta quarta-feira (16) enviou uma carta em solidariedade para Dilma e Lula, destacando que os dois vêm sendo vítimas de "uma forte campanha" para "derrubar" o governo e "destruir o PT".

“Quase todos os políticos que apoiam o impeachment de Dilma têm vários processos penais em andamento por atos de corrupção. Isso indica que isso não é a variável determinante” – escreveu o ganhador do Nobel da Paz. “A corrupção não se combate violando a Constituição. Se combate com transparência e mais democracia” – acrescentou.

Moro alegou suas ações afirmando que interesse público e o princípio constitucional da publicidade impedem a continuidade dos sigilos das interceptações. No seu parecer, o envio do documento de termo de posse para Lula, indicado na conversa telefônica com Dilma, aponta para uma tentativa de livrar o ex-presidente de uma possível ação policial visando a sua prisão.

Segundo a presidenta, no entanto, o termo de posse de Lula como novo ministro-chefe da Casa Civil foi encaminhado para que ele assinasse caso não pudesse comparecer à cerimônia, marcada para esta quinta-feira (17).

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