Trump ameaça com tumultos se seu nome não for indicado pelo Partido Republicano

ENTREVISTA COM MARCUS VINICIUS FREITAS
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Visto como mais provável vencedor das eleições primárias que deverão referendá-lo como candidato do Partido Republicano na convenção de julho, o magnata Donald Trump avisou que “haverá tumultos” caso ele seja mesmo vencedor mas não tenha o seu nome homologado pela convenção.

Trump fez este pronunciamento na quarta-feira, 16, exatamente um dia após a Super Terça-Feira que lhe assegurou vitória na Flórida, em Illinois e na Carolina do Norte. A única derrota que sofreu naquela data foi no Estado de Ohio.

Segundo os analistas políticos, Donald Trump está muito perto de obter os 1.237 delegados necessários à sua indicação na convenção do Partido Republicano.

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A possibilidade de Trump ser substituído por outro pré-candidato começou a ser discutida no âmbito do Partido Republicano há algumas semanas, diante da sucessão de declarações polêmicas do megaempresário. No entender de alguns dirigentes, mesmo liderando as pesquisas, Trump estava causando danos ao Partido com estas declarações, podendo representar até mesmo a possibilidade de uma derrota eleitoral em novembro frente ao Partido Democrata. No entanto, há poucos dias, o Presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, veio a público dizer que, seja quem for o vencedor da convenção (Trump inclusive), seu nome será mantido para o grande pleito que definirá a sucessão de Barack Obama.

Segundo o especialista Marcus Vinícius Freitas, professor de Relações Internacionais da FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo, ao falar na possibilidade de ocorrerem tumultos caso seu nome não seja homologado na convenção republicana, Donald Trump já está se considerando vitorioso diante do quadro indicado pelas primárias que estão sendo realizadas neste primeiro semestre de 2016.

“A declaração de Donald Trump vem no sentido de que existe por parte do establishment – que são alguns governadores, senadores – uma preocupação com o impacto que ele pode ter na eleição e na manutenção da maioria republicana no Congresso”, analisa Marcus Vinícius Freitas. “Diante dessa preocupação esse pessoal está de alguma maneira pensando que o nome dele pode ser prejudicial. E aí, não reunindo o número de convencionais necessários, seria preciso fazer uma convenção em que outro candidato talvez pudesse se apresentar.”

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O especialista em política norte-americana observa que a alegação de Donald Trump é que o discurso dele tem atraído milhões de pessoas como nunca antes na história recente do Partido Republicano, “e ele também tem tido mais votos do que Hillary Clinton, que tem atraído menos pessoas participando das primárias democratas”.

“A argumentação de Trump é de que justamente o fato de estar trazendo novas pessoas para a organização deveria ser algo a ser celebrado pelo Partido Republicano, e não objeto de preocupação com relação àquilo que vai acontecer ou à interposição de um novo candidato no processo. Seria uma falha para o Partido Republicano apresentar um novo nome na convenção, até porque implicaria uma desconsideração de todos esses milhares de pessoas que votaram em Trump e participaram do processo das primárias.”

Qual seria, então, a razão do temor a Donald Trump dentro de seu próprio Partido?

“Donald Trump seguiu uma estratégia muito interessante neste processo. Quando olhamos para as eleições de 2008, com John McCain, e de 2012, com Mitt Romney, o que houve foi que Romney teve menos votos que John McCain em 2008, e outras alegações seriam de que havia aí o distanciamento do Partido Republicano em relação aos latinos e aos afrodescendentes. Como a questão não foi resolvida, como de 2013 até hoje o Partido Republicano não fez um esforço de abarcar tanto os afrodescendentes como os latinos dentro de sua asa partidária, o que Donald Trump fez foi focar no eleitor tradicional do partido, que é o cidadão que é branco e que se sente de alguma forma desprezado pela política atual e pelo próprio establishment do partido.”

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Finalmente, o Professor Marcus Vinícius destaca que o que se observa nessa eleição é que as pessoas que estão se saindo bem, não no caso de Hillary Clinton, mas do próprio Bernie Sanders, do lado democrata, são aquelas que, de alguma forma, se opõem à forma como está estabelecido o cenário americano.

“Quando ele faz essa busca ao eleitor branco, é claro que vai fazê-la baseado em alguns medos da opinião pública americana, que são a questão do terrorismo e a questão da imigração, e ele vai identificando esses temores e faz a campanha dele em cima disso. O Partido até tentou fazer uma movimentação nesse sentido ao lançar candidatos como Ted Cruz e Marco Rubio, que têm origem latina, mas eles não prosperaram, efetivamente, em razão dessa estratégia que foi muito bem feita por Donald Trump e que lhe tem rendido um resultado positivo.”

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