“Neste momento, a sua coragem e honestidade são ferramentas essenciais para a preservação e o fortalecimento do Estado de Direito”, disse Almagro.
Também na sexta-feira, os governos do Uruguai, da Bolívia e da Venezuela se manifestaram contra o golpe orquestrado no Brasil.
Uruguai
"Fiel defensor do princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados, mas ao mesmo tempo respeitoso do Estado de Direito e dos valores democráticos, o Uruguai confia que as diferenças internas existentes no Brasil serão resolvidas no marco do regime democrático", afirma o comunicado da chancelaria uruguaia, reproduzido pela agência EFE.
#Uruguai repudia o #Golpe em andamento no #Brasil:#GolpistasNãoPassarão #NãoVaiTerGolpe pic.twitter.com/nncxfABadO
— Geraldo Filho (@GeraldoSiFi30) 20 de março de 2016
Em entrevista ao jornal La República publicada no domingo (20), o ex-vice-chanceler uruguaio Roberto Conde, candidato à presidência do país pela coalizão de esquerda Frente Ampla, também disse que uma das “prioridades imediatas” que Montevideo deve encarar é a agressividade crescente dos movimentos de direita, tanto no Uruguai como no contexto internacional, de onde, segundo ele, agiria uma direita “muito agressiva” que provoca divisões territoriais e guerras e viola reiteradamente o princípio de não-intervenção que rege a relação entre Estados soberanos.
Bolívia
"A direita no Brasil quer voltar por meio de um golpe no Congresso e um golpe judicial para castigar o Partido dos Trabalhadores, o partido do companheiro Lula, e para tirar e julgar a companheira Dilma", pronunciou-se o presidente da Bolívia, Evo Morales, em reunião com mineiros no povoado de Colquiri, no oeste do país, acrescentando que a "direita sul-americana e a direita americana" querem "castigar" Lula para que um dirigente sindical nunca mais volte a ser presidente.
Evo Morales convoca América Latina contra “golpe no Brasil” — https://t.co/yiQuiynDgv pic.twitter.com/QUGA5eOwyj
— Jornal Tornado (@JornalTornado) 19 de março de 2016
Equador
Segundo afirmou o chefe de Estado do Equador, Rafael Correa, em entrevista veiculada na televisão estatal do país, está em curso no continente latino-americano um "novo plano Condor" contra os governos progressistas da região, do qual faria parte o ataque jurídico-midiático ao governo Dilma.
"Já não se precisa mais de ditaduras militares, se precisa de juízes submissos, se precisa de uma imprensa corrupta que inclusive se atreva a publicar conversas privadas, o que é absolutamente ilegal", disse Correa.
Venezuela
O presidente da Venezuela Nicolas Maduro, por sua vez, já havia se pronunciado na quinta-feira (17) sobre o assunto.
"Há um golpe de estado midiático e judicial contra a presidente Dilma Rousseff e contra Lula da Silva, líder do Brasil e da nossa América", disse Maduro, discursando no Palácio de Miraflores.
Segundo ele, "vários presidentes latino-americanos" estão "muito preocupados" com a situação no Brasil.
Pdte. @NicolasMaduro: Desde Venezuela denunciamos el golpe de Estado contra Dilma y Lula #Brasil pic.twitter.com/uLu17wVbPm
— PSUV (@PartidoPSUV) 18 de março de 2016
Argentina
Até mesmo o líder argentino Mauricio Macri defendeu, em entrevista ao jornal La Nación publicada no domingo, a decisão de Dilma de nomear Lula ministro da Casa Civil, manifestando um "apoio institucional" de Buenos Aires à presidenta.
"Quero crer que ela fez isso para fortalecer seu governo do ponto de vista operacional, não para encobrir uma causa judicial. Desse ponto de vista, é absolutamente válido. Agora, não cabe a segunda intenção, que não me consta", disse Macri, expoente da direita liberal.
América Latina
— #CyberPunkRevolution (@razzendres) 15 de novembro de 2015
Instrumento de Sabotagem
Golpe Suavehttps://t.co/BOhDs12eEf
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Segundo muitos analistas, de fato, a crise vai além das dificuldades econômicas e políticas particulares a cada nação e envolvem interesses de grandes corporações e o respaldo velado dos EUA.
O jornalista Glenn Greenwald, que ajudou o ex-analista da NSA Edward Snowden a denunciar ao mundo o escândalo dos programas de espionagem civil dos EUA a nível global, afirmou na sexta-feira, em matéria no jornal The Intercept, que "as corporações de mídia" do Brasil agem como "organizadoras de protestos" e "máquinas de relações públicas de partidos da oposição". "Os interesses mercadológicos representados por esses veículos midiáticos", destacou Greenwald, "são quase que totalmente pró-impeachment e estão ligados à história da ditadura militar".
This 2013 LA Times article by @Vinncent shows plutocrat-owned Brazilian media have long hated Dilma https://t.co/yVTzFDk8Xm
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 20 de março de 2016
"De forma simples, essa é uma campanha para subverter as conquistas democráticas brasileiras por grupos que por muito tempo odiaram os resultados de eleições democráticas, marchando de forma enganadora sob uma bandeira anti-corrupção: bastante similar ao golpe de 1964. De fato, muitos na direita do Brasil anseiam por uma restauração da ditadura, e grupos nesses protestos “anti-corrupção” pediram abertamente pelo fim da democracia”, observou o jornalista.